Cidade do Vaticano (RV) - Neste dia 30 de agosto comemora-se o Dia Internacional
dos Desaparecidos. Um relatório da Anistia Internacional, recentemente divulgado,
revela que passados 20 anos do conflito nos Balcãs, 14 mil pessoas continuam desaparecidas.
Segundo Nesrete Kummova, cujo filho teria sido transportado de Kosovo, na Sérvia,
e enterrado lá, na guerra de 1999 se soubesse onde seu filho Albion está sepultato
poderia levar uma flor ao seu túmulo e assim sentir-se melhor. Para Jezerca Tigani,
diretor-adjunto da Europa e Ásia Central da Anistia Internacional, "as vítimas de
desaparecimentos forçados na antiga Iugoslávia, pertencem a todos os grupos étnicos,
civis e militares, homens e mulheres, meninas e meninos". O relatório da Anistia
Internacional relata casos de desaparecimentos forçados na Croácia, Bósnia e Herzegóvina,
a Antiga República Iugoslava da Macedônia, Montenegro, Sérvia e Kosovo. Os seis governos
desses países não conseguiram permissão legal internacional para investigar e punir
esses crimes. Alguns responsáveis, disse a Anistia Internacional, foram submetidos
ao julgamento do Tribunal Penal Internacional de Aia, para a ex-Iugoslávia, cujo mandato,
no entanto, chegou ao fim. "A ausência de investigações e julgamentos de desaparecimentos
forçados e sequestros continua a ser um problema grave nos Balcãs. O principal obstáculo
do combate à impunidade e à entrega dos seus responsáveis á justiça é a constante
falta de vontade política em todos os seis países"- acrescentou Tigani. Por uma
década, desde o fim do conflito de 2001, entre as forças de segurança e Exército Albanês
de Libertação Nacional, as autoridades não investigam os desaparecimentos efetivamente
ocorridos. Durante a guerra no Kosovo, de 1998-1999, foram registrados 3.600 desaparecidos,
desses 3.000 eram vítimas albanesas, o resto dos desaparecidos, pertencentes a minorias,
especialmente sérvios e ciganos, é acusado de terem sido presos por grupos albaneses
armados, inclusive o Exército de Libertação do Kosovo. As famílias de pelo menos 1.797
desaparecidos kosovares e sérvios, ainda estão à espera dos corpos de seus entes queridos
para serem exumados, identificados e devolvidos para a sepultura. (MP)