São João Baptista: exemplo e guia para o homem de hoje - Papa na audiência desta quarta-feira,
em Castelo Gandolfo
Hoje, solenidade litúrgica do martírio de São João Baptista, foi precisamente sobre
este precursor de Jesus que o Papa centrou a sua catequese semanal, realizada, na
presença de numerosos fieis de várias partes do mundo, na praça em frente do Castelo,
onde o Papa passa o período de Verão, a sul da capital italiana.
O Papa começou
por dizer que São João Baptista é o único Santo de que a Igreja celebra tanto o nascimento
como a morte, ocorrida através do martírio. Uma memória que remonta ao século IV em
Samaria e que se estendeu depois a Jerusalém, Igrejas Orientais e Roma, com o titulo
de “degolação de São João Baptista”. Mais tarde a preciosa relíquia
teria sido encontrada e transportada para a Igreja de São Silvestre em Roma.
Pequenas
referências histórias que – disse o Papa – nos ajudam a compreender quão antiga e
profunda é a veneração de São João Baptista, cujo papel em relação a Jesus é exaltado
pelos evangelistas. São Lucas recorda, por ex., o seu nascimento, vida no deserto
e pregações, enquanto que São Marcos nos fala, no Evangelho de hoje, do seu martírio.
João Baptista começou a sua pregação sob o imperador Tibério no ano 27-28
depois de Cristo, convidando as pessoas a preparar-se para acolher Jesus. Não se limitou,
todavia, a dizer às pessoas para fazerem penitência, para se converterem, mas a reconhecerem
Jesus como o verdadeiro enviado de Deus. Humilde e sem tirar de modo nenhum o espaço
a Jesus que ele preanuncia, João Baptista acaba por cumprir a sua missão, resistindo
contra os potentes e morrendo degolado pela defesa dos mandamentos de Deus. Morreu
por Cristo – disse o Papa - perguntando-se donde lhe vinha essa rectidão e coerência
na preparação da vinda de Jesus. E respondeu:
“Da relação com
Deus, da oração, que foi o fio condutor de toda a sua existência”.
Com efeito, ele foi um dom de Deus para os seus pais, Zacarias e Isabel,
que já era idosa e estéril. Mas nada é impossível a Deus! E tanto o anuncio da gravidez,
como o nascimento de João estão envoltos num clima de oração, em cânticos de louvor
– frisou Bento XVI - recordando que o Benedictus que cantamos nas laudes matutinas
exaltam a acção de Deus na história e indicam profeticamente a missão de João Baptista,
que não é contudo, apenas um homem de oração. É também um guia na relação com Deus.
Uma exemplo também para nós hoje – acrescentou o Papa:
“Celebrar o martírio
de São João Baptista recorda também a nós cristão deste nosso tempo que não se pode
descer a compromissos com o amor de Cristo, a sua Palavra, com a Verdade. A verdade
é verdade, não há compromissos. A vida cristã exige, por assim dizer, o “martírio”
da fidelidade quotidiana do Evangelho, a coragem de deixar que Cristo cresça em nós
e seja Ele a orientar o nosso pensamento e as nossas acções”.
Mas
isto só pode acontecer se for sólida a nossa relação com Deus, prosseguiu ainda o
Papa recordando que a oração não é tempo perdido, antes pelo contrário. Só se formos
capazes de ter uma vida de oração fiel, constante e confiante, será o próprio Deus
a dar-nos a força de viver felizes e serenos, ultrapassando as dificuldades. Que São
João Baptista interceda por nós a fim de sabermos conservar sempre a primazia de Deus
na nossa vida – concluiu Bento XVI, passando depois a saudar os fiéis em várias línguas.
Eis as suas palavras em português…
"Amados peregrinos de Portugal
e do Brasil, e demais pessoas de língua portuguesa, sede bem-vindos! Uma saudação
particular aos fiéis de Chã Grande, Natal e do Rio de Janeiro. Que o exemplo e a intercessão
de São João Batista vos ajudem a viver a vossa entrega a Deus sem reservas, sobretudo
por meio da oração e da fidelidade ao Evangelho, para que Cristo cresça em vós, guiando
os vossos pensamento e ações. Com estes votos, de bom grado a todos abençôo."
*No
final da audiência o Papa saudou os bispos amigos da Comunidade de Santo Egídio vindos
a Roma para um período de oração e reflexão, as irmãs missionárias de São Sisto em
capítulo geral e diversos outros grupos, e dirigiu os seus pensamentos aos jovens,
doentes e recém-casados, exortando todos a encontrar na oração uma força para a vida.
Por fim saudou um grande grupo de mais de um milhar de acólitos franceses
em peregrinação a Roma e aos bispos que os acompanham.
“Caros jovens,
o serviço que realizais fielmente, permite-vos estar particularmente próximos de Cristo-Jesus
na Eucarística. Tendes o enorme privilégio de estar perto do altar, perto do Senhor.
Tende consciência da importância deste serviço para a Igreja e para vós mesmos. Que
esta seja para vós a ocasião de fazer crescer uma amizade, uma relação pessoal com
Jesus. Não tenhais medo de transmitir, com entusiasmo, ao vosso redor, a alegria que
recebeis da sua presença! Que a vossa vida toda resplandeça pela alegria desta proximidade
com o Senhor Jesus! E se um dia ouvirdes o seu chamamento a seguir o caminho do sacerdócio
ou da vida religiosa, respondei com generosidade! A todos desejo uma boa peregrinação
ao túmulo dos Apóstolos, Pedro e Paulo.”