Peru: Jesuítas tentam resolver impasse entre a Santa Sé e Universidade
Lima (RV) – Os jesuítas se articulam para tentar resolver o impasse entre a
Santa Sé e a Universidade do Peru, que em 21 de julho, com o Decreto do Secretário
de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone, perdeu a faculdade de apresentar os títulos de
“Pontifícia” e “Católica”. Numa longa e detalhada carta, escrita a Dom Salvador Piñeiro,
Presidente da Conferência Episcopal do Peru – enviada também para conhecimento aos
cardeais Bertone, Zenon Grocolewski (Prefeito da Congregação para a Educação Católica)
e ao novo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Gerhard Müller – o Provincial
dos Jesuítas no Peru, Padre Miguel Gabriel Cruzado Silveri, propõe a retomada do diálogo
para se chegar a uma solução partilhada.
Padre Cruzado na carta, datada 20
de agosto, cita o papel significativo realizado pelos jesuítas na Universidade ao
longo de sua história, afirma que a atual situação está criando mal-estar e pede para
que sejam feitos “todos os esforços possíveis para que o diálogo seja retomado”. Afirma
que a Universidade “continua sendo um instrumento idôneo e eficaz para a evangelização
e para dar a conhecer valores que não se podem perder”.
Fala ainda da capacidade
da Universidade de “plasmar e transmitir os conteúdos próprios da educação cristã
conforme as diretrizes da Igreja” e lembra como importantes personalidades eclesiásticas
a tenham visitado ao longo dos anos, entre eles o então Cardeal Joseph Ratzinger e
o atual Prefeito da Doutrina da Fé, Dom Müller.
O Provincial do Peru cita também
as numerosas presenças de sacerdotes e religiosos vindos de vários movimentos e a
tradicional abertura da Universidade a pessoas de outros credos: “A Universidade representa
um espaço de encontro entre fé e razão na nossa sociedade”. Padre Cruzado não esconde
as dificuldades existentes, mas sugere uma saída concreta para a solução do conflito,
considerando que isto “pode vir na linha da proposta de reforma dos estatutos” debatida
no pré-acordo entre os representantes da Arquidiocese de Lima e da Universidade em
31 de março, destacando que aí “se podia chegar à solução definitiva” do problema.
“Pela falta de acordo – conclui o superior jesuíta – corre-se o risco da Igreja
perder uma instituição acadêmica de grande qualidade e excelência, e com a polarização
das posições acentuam-se os sentimentos de amargura e de contrariedade em relação
à nossa Igreja”. (SP)