Arcebispo Migliore comenta Acordo entre Igreja polonesa e Patriarcado de Moscou
Cidade do Vaticano (RV) - "Um ato histórico de reconciliação": com essas palavras,
os bispos europeus comentaram a Declaração comum subscrita dias atrás entre o Episcopado
católico polonês e o Patriarcado Ortodoxo de Moscou.
O acordo foi selado, no
Castelo Real de Varsóvia, pelo presidente dos bispos poloneses, Dom Jozef Michalik,
e o Patriarca de Moscou e de todas as Rússias, Kiril. Tratou-se de um gesto profético
no caminho do diálogo, do qual, no Angelus de domingo passado, o Papa ressaltou
a importância relevando o desejo expresso "de fazer crescer a união fraterna e de
colaborar em difundir os valores evangélicos do mundo contemporâneo".
Mas,
e agora, quais são os frutos esperados? Foi o que a Rádio Vaticano perguntou ao Núncio
apostólico na Polônia, Dom Celestino Migliore. Eis o que disse:
Dom Celestino
Migliore:- "Que as respectivas Igrejas e sociedades, na esteira da boa vontade
suscitada por este primeiro passo, contribuam de modo factível para a purificação
da memória, para o diálogo e para a cooperação nascidas da Declaração comum."
RV:
A Declaração comum foi definida como "um ato histórico de reconciliação". O presidente
da Conferência Episcopal polonesa, Dom Michalik, chamou a atenção no sentido de não
se avaliar em "termos políticos" esse apelo à reconciliação entre as respectivas nações
e Igrejas. Qual o motivo desse temor?
Dom Celestino Migliore:- "As
duas Igrejas irmãs, a Ortodoxa e a Católica, se comprometem a dar uma contribuição
para a prevenção, mediação e reconciliação das divergências, não no sentido técnico
e jurídico internacional destes termos, algo que cabe à política, mas nos termos próprios,
que partem da conversão do coração e das mentes dos indivíduos e das comunidades.
Quando política e religião oferecem, cada uma, sua contribuição específica sem uma
invadir o campo da outra, então se alcança mais rápido e melhor o bem comum."
RV:
A Declaração convida os fiéis ortodoxos e católicos russos e poloneses ao perdão recíproco.
Qual valor tem hoje a palavra "perdão"?
Dom Celestino Migliore:-
"Duas comunidades cristãs, como a católica e a ortodoxa, realizam o perdão recíproco
quando se ajudam a ver a história passada e presente e a delinear um futuro comum
à luz da verdade, que está acima de nós, aquela verdade que vem do alto à qual nos
submetemos e que nós cristãos devemos buscar juntos. É essa verdade que nos ajuda
a perdoar e a construir positivamente o perdão."
RV: Após esse acordo entre
as autoridades das duas confissões cristãs podemos esperar também outros passos no
seio dessas duas comunidades?
Dom Celestino Migliore:- "Com certeza,
esperamos muito isso, justamente porque este primeiro passo despertou também muita
atenção, resposta e boa vontade nas respectivas comunidades." (RL)