Bento XVI: "A oração abre a porta da nossa vida a Deus"
Castel Gandolfo (RV) – O Papa Bento XVI encontrou-se na manhã desta quarta-feira
com fiéis e peregrinos provenientes de todas as partes do mundo para a habitual Audiência
Geral. Na Praça da Liberdade, que fica diante da residência de Castel Gandolfo, onde
o Pontífice se encontra neste período de verão europeu, o Papa dedicou sua catequese
a São Domingos de Gusmão, que a Igreja recorda hoje, 8 de agosto. São Domingos de
Gusmão, sacerdote e Fundador da Ordem dos Frades Pregadores – disse – nos recorda
“que na base de todo testemunho está a oração, pois em relação constante com o Senhor
se recebe a força para viver intensamente cada momento, e enfrentar até mesmo as maiores
dificuldades”.
Bento XVI recordou inicialmente que numa precedente Catequese,
tinha já recordado essa importante figura e a sua fundamental contribuição para a
renovação da Igreja do seu tempo. Na Catequese de hoje o Papa quiz destacar um aspecto
essencial da sua espiritualidade: a sua vida de oração.
“São Domingos foi
um homem de oração. Apaixonado por Deus, não teve outra aspiração além da salvação
das almas, em particular daquelas que caíram nas redes da heresia; imitador de Cristo,
encarnou radicalmente os três conselhos evangélicos unindo à proclamação da Palavra
um testemunho de vida pobre; sob a guia do Espírito Santo, progrediu no caminho da
perfeição cristã. Em cada momento, a oração foi a força que renovou e tornou cada
vez mais fecundas as suas obras apostólicas”.
Em seguida o Papa afirmou
que em São Domingos podemos ver um harmonioso exemplo de integração entre contemplação
dos mistérios divinos e atividade apostólica. Segundo testemunhos de pessoas a ele
muito próximas, “ele falava sempre com Deus ou de Deus”. Apesar de não ter deixado
escritos sobre a oração, a tradição dominicana recolheu e repassou a sua experiência
de vida numa obra intitulada: “As nove maneiras de rezar de São Domingos”, composta
entre 1260 e 1288 por um Frade dominicano.
Cada uma dessas nove maneiras de
rezar – disse Bento XVI -, sempre diante de Jesus Crucificado, exprime um comportamento
corporal e espiritual que, intimamente compenetrados, favorecem o recolhimento e o
fervor. Os primeiros sete modos seguem uma linha ascendente, como passos de um caminho
em direção da comunhão íntima com Deus Trindade. Os dois últimos modos correspondem
a duas práticas de piedade habitualmente vividas pelo Santo.
“Antes de tudo,
a meditação pessoal, onde a oração adquire uma dimensão mais íntima, fervorosa e reconfortante.
Na conclusão da Oração da Liturgia das Horas, e depois da celebração da Missa, São
Domingos prolongava o colóquio com Deus, sem jamais pôr-se limite de tempo... Depois
a oração durante as viagens entre um convento e outro; recitava as Laudes, a Hora
Média, as Vésperas com os companheiros e, atravessando os vales ou colinas, contemplava
a beleza da criação. Então do seu coração brotava um canto de louvor e de agradecimento
a Deus pelos tantos dons, sobretudo pela maior maravilha: a redenção realizada por
Cristo”.
Bento XVI disse ainda que São Domingos nos recorda que na origem
do testemunho de fé, que cada cristão deve dar em família, no trabalho, no compromisso
social, e também nos momentos de distensão, está a oração; somente o relacionamento
constante com Deus nos dá a força para vivermos intensamente cada evento, especialmente
os mais difíceis.
“Gostaria de chamar a atenção mais uma vez para a necessidade
que a nossa vida espiritual tem de encontrar diariamente momentos para rezar com tranquilidade;
será um modo também para ajudar quem está próximo a entrar no raio luminoso da presença
de Deus, que traz a paz e o amor que todos nós precisamos".
O Santo Padre
dirigiu ainda seu pensamento e agradecimento aos diversos grupos de peregrinos presentes
nesta manhã em Castel Gandolfo nas suas respectivas línguas. Eis o que disse, falando
em português:
“Com paterno afeto, saúdo os peregrinos de língua portuguesa,
nomeadamente os fiéis da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Évora. Agradeço a presença
e sobretudo a oração que fazeis por mim. Hoje a Igreja recorda São Domingos, de quem
se diz que sempre falava de Deus ou com Deus. A oração abre a porta da nossa vida
a Deus; e nela Deus ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro dos outros,
envolvendo a todos na luminosa presença de Deus que nos habita. Sede para vossos familiares
e amigos a Bênção de Deus!” (SP)