Nova Evangelização e Redemptoris missio: a salvação é oferecida a todos os
homens
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, eis-nos de volta ao nosso encontro de todas as
semanas dedicado à nova evangelização, questão prioritária para a Igreja em nossos
dias. De fato, como temos continuamente ressaltado, à urgência da nova evangelização
será dedicado Sínodo dos Bispos de outubro próximo com o tema: "A nova evangelização
para a transmissão da fé cristã".
Na edição de hoje retomamos nossa revisitação
à Redemptoris missio, Carta encíclica de João Paulo II, de 1990, sobre a validade
permanente do mandato missionário.
Ressaltamos que estamos nos ocupando do
primeiro capítulo – "Jesus Cristo único Salvador". Nessa parte do importante documento
magisterial, a encíclica trata da unicidade do Salvador e da destinação universal
da salvação.
Nesta edição trazemos dois textos muito importantes para o tema
em questão, de grande eloqüência, clareza, e riqueza teológica: os números 9 e 10.
A
Igreja sinal e instrumento de salvação
9. A primeira beneficiária da salvação
é a Igreja: Cristo adquiriu-a com o Seu sangue (cf. At 20, 28) e tornou-a Sua cooperadora
na obra da salvação universal. Com efeito, Cristo vive nela, é o seu Esposo, realiza
o seu crescimento, e cumpre a Sua missão através dela. O Concílio deu grande realce
ao papel da Igreja, em favor da salvação da humanidade. Enquanto reconhece que Deus
ama todos os homens e lhes dá a possibilidade de se salvarem (cf. 1 Tim 2, 4), a
Igreja professa que Deus constituiu Cristo como único mediador e que ela própria foi
posta como instrumento universal de salvação. « Todos os homens, pois, são chamados
a esta católica unidade do Povo de Deus (...) à qual, de diversos modos, pertencem
ou estão ordenados quer os fiéis católicos, quer os outros crentes em Cristo, quer
universalmente todos os homens, chamados à salvação pela graça de Deus ». É necessário
manter unidas, estas duas verdades: a real possibilidade de salvação em Cristo para
todos os homens, e a necessidade da Igreja para essa salvação. Ambas facilitam a compreensão
do único mistério salvífico, permitindo experimentar a misericórdia de Deus e a nossa
responsabilidade. A salvação, que é sempre um dom do Espírito, exige a colaboração
do homem, para se salvar tanto a si próprio como aos outros. Assim o quis Deus, e
por isso estabeleceu e comprometeu a Igreja no plano da salvação. « Este povo messianico
— diz o Concílio — estabelecido por Cristo como uma comunhão de vida, amor e verdade,
serve também, nas mãos d'Ele, de instrumento da redenção universal, sendo enviado
a todo o mundo, como luz desse mundo e sal da terra ».
A salvação é oferecida
a todos os homens
10. A universalidade da salvação em Cristo não significa
que ela se destina apenas àqueles que, de maneira explícita, crêem em Cristo e entraram
na Igreja. Se é destinada a todos, a salvação deve ser posta concretamente à disposição
de todos. É evidente, porém, que, hoje como no passado, muitos homens não têm a possibilidade
de conhecer ou aceitar a revelação do Evangelho, e de entrar na Igreja. Vivem em condições
socio-culturais que o não permitem, e frequentemente foram educados noutras tradições
religiosas. Para eles, a salvação de Cristo torna-se acessível em virtude de uma graça
que, embora dotada de uma misteriosa relação com a Igreja, todavia não os introduz
formalmente nela, mas ilumina convenientemente a sua situação interior e ambiental.
Esta graça provém de Cristo, é fruto do Seu sacrifício e é comunicada pelo Espírito
Santo: ela permite a cada um alcançar a salvação, com a sua livre colaboração. Por
isso o Concílio, após afirmar a dimensão central do Mistério Pascal, diz: « isto não
vale apenas para aqueles que crêem em Cristo, mas para todos os homens de boa vontade,
no coração dos quais opera invisivelmente a graça. Na verdade, se Cristo morreu por
todos e a vocação última do homem é realmente uma só, isto é, a divina, nós devemos
acreditar que o Espírito Santo oferece a todos, de um modo que só Deus conhece, a
possibilidade de serem associados ao Mistério Pascal ».
Amigo ouvinte, da
edição passada, números 7 e 8, destacamos duas passagens: em matéria religiosa, "que
ninguém seja obrigado a agir contra a sua consciência, nem impedido de atuar de acordo
com ela"; e que "todos os homens... são impelidos pela sua natureza, e moralmente
obrigados a procurar a verdade... Têm também obrigação de aderir à verdade conhecida,
e ordenar toda a sua vida segundo as exigências da verdade".
Da edição de hoje
destacamos, brevemente, que todos os homens estão ordenados à Igreja, embora nem todos
participem formalmente dela. Como vimos, também os homens fora da Igreja são salvos
em associação ao mistério da Igreja.
Amigo ouvinte, por hoje nosso tempo já
acabou. Semana que vem tem mais, se Deus quiser! (RL)