Mensagem para o fim do Ramadã: “Educar os jovens cristãos e muçulmanos para a justiça
e a paz”
Cidade do Vaticano (RV) - O mês do Ramadã, mês sagrado do Islamismo teve início
no dia 19 de julho e termina no dia 19 de agosto. Por ocasião da celebração do “Id
al-Fitr”, que conclui o Ramadã, o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso
divulgou uma mensagem com o título “Educar os jovens cristãos e muçulmanos para a
justiça e a paz”, assinada pelo Presidente e Secretário do mesmo Dicastério, respectivamente,
Cardeal Jean-Louis Cardinal Tauran e Arcebispo Pier Luigi Celata.
Caros Amigos
Muçulmanos – inicia a mensagem -, a celebração do ‘Id al-Fitr, que conclui o mês do
Ramadã, dá-nos a alegria de apresentar-vos as cordiais felicitações do Pontifício
Conselho para o Diálogo Inter-religioso. Alegramo-nos convosco por este tempo privilegiado
que vos permitiu, mediante o jejum e outras praticas de piedade, aprofundar a obediência
a Deus, um valor para nós também muito caro. É por tudo isto que este ano pareceu-nos
oportuno concentrar a nossa comum reflexão sobre o tema da educação dos jovens cristãos
e muçulmanos para a justiça e para a paz, que são inseparáveis da verdade e da liberdade.
“Como
sabeis, - destaca a mensagem - se o dever da educação é confiado a toda a sociedade,
esse dever é, antes de mais, e de modo especial, obra dos pais e, com eles, das famílias,
das escolas e das universidades, sem esquecer os responsáveis da vida religiosa, cultural,
social, económica e do mundo da comunicação. Trata-se de uma tarefa bela e difícil
ao mesmo tempo: ajudar as crianças e os jovens a descobrir e a desenvolver os recursos
que o Criador lhes confiou e a estabelecer relações humanas responsáveis. Aludindo
ao dever dos educadores, Sua Santidade o Papa Bento XVI afirmou recentemente: “Por
isso são cada vez mais necessários testemunhas autênticas, e não meros dispensadores
de regras e informações… A testemunha é aquele que vive em primeiro lugar o caminho
que propõe” (“Mensagem para a Jornada Mundial da Paz” 2012). Lembramos ainda que os
jovens são também eles responsáveis da sua educação como da sua formação à justiça
e à paz”.
A mensagem continua afirmando que “a justiça é determinada, antes
de mais, pela identidade da pessoa humana, considerada na sua integridade ; a justiça
não pode ser reduzida à sua dimensão comutativa e distributiva. Não esqueçamos que
o bem comum não pode ser conseguido sem solidariedade e amor fraterno! Para os crentes,
a justiça autêntica vivida na amizade com Deus aprofunda as relações consigo mesmos,
com os outros e com toda a criação. Além disso, os crentes professam que a justiça
tem origem no facto que todos os homens são criados por Deus e são chamados a formar
uma só e única família. Uma tal visão das coisas, no absoluto respeito pela razão
e aberta à trascendência, interpela também todos os homens e as mulheres de boa vontade,
permitindo conjugar harmoniosamente direitos e deveres”.
No mundo atormentado
em que vivemos - sublinha a mensagem do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso
-, torna-se sempre mais urgente a educação dos jovens para a paz. Para um empenho
adequado deve-se compreender a verdadeira natureza da paz que não se limita à ausência
da guerra, nem ao equilibrio das forças contrapostas, mas é ao mesmo tempo dom de
Deus e obra humana a construir incessantemente. A paz é fruto da justiça e um efeito
da caridade. É importante que os crentes sejam sempre ativos no seio das comunidades
das quais são membros: praticando a compaixão, a solidariedade, a colaboração e a
fraternidade, e que possam contribuir eficazmente a colher os grandes desafios do
presente: crescimento harmonioso, desenvolvimento integral, prevenção e resolução
dos conflitos, apenas para citar alguns.
Concluindo a mensagem, o encorajamento
aos jovens muçulmanos e cristãos que queiram ler esta mensagem, “a cultivar sempre
a verdade e a liberdade para serem autênticos arautos da justiça e da paz e construtores
de uma cultura respeitosa dos direitos e da dignidade de cada cidadão. Convidamo-los
a terem a paciência e a tenacidade necessárias para realizar estes ideais, sem recorrer
a compromissos ambíguos, atalhos enganosos ou meios pouco respeitosos da pessoa humana.
Somente homens e mulheres sinceramente convencidos destas exigências poderão construir
sociedades onde a justiça e a paz se tornarão realidade”.
Queira Deus encher
de serenidade e de esperança os corações, as famílias e as comunidades daqueles que
nutrem o desejo de serem “instrumentos de paz”. Boa festa para todos! (SP)