Uberaba (RV)* - Nós, cristãos, não podemos olhar para as eleições vendo nelas
apenas uma questão de cidadania. Antes disto, é uma forma de viver a fraternidade
e de praticar o gesto da caridade na comunidade. Por isto, devemos votar em quem vai
realmente agir com justiça e administrar com honestidade, defendendo as pessoas mais
pobres e lutar pela dignidade da vida humana. Mais uma vez vamos escolher novos
prefeitos e vereadores que, normalmente, são pessoas muito próximas de nós, que batem
em nossas portas pedindo votos. O interessante é que, neste tempo, vão às festas da
Igreja, cumprimentam a todos com sorriso, com muitas promessas, distribuem santinhos,
sempre procurando apoio. Não podemos ficar indiferentes nesse tempo desfazendo
da importância das eleições. Uns chegam a dizer: “é sempre a mesma coisa”; “ninguém
presta”; “não adianta fazer nada”. Às vezes apontamos para Brasília dizendo: “lá o
dinheiro corre solto como uma cachoeira”, são constantes CPIs sem colocar ninguém
na cadeia e tudo fica só na impunidade. Temos que estar conscientes de que estas
atitudes significam favorecer os maus políticos. Eles não querem mudar. O que devemos
fazer? Trocar ideias, informações, conhecer melhor as leis, os candidatos e fazer
boas escolhas, votando de forma consciente, com liberdade, sabendo que o bom ou mau
candidato é a gente que escolhe. Nos meses de julho até outubro os nossos Conselhos
Paroquiais, as Capelas, os Movimentos e Grupos organizados devem dedicar tempo para
refletir sobre o momento eleitoral. Mas ter sempre em mente que a nossa Igreja não
tem candidatos e nem partidos, mas tem princípios, tem espaço para o diálogo sereno
e esclarecedor. Campanha eleitoral deve ser tempo formativo do eleitor, criando consciência
sobre o valor de seu voto. Temos novas leis que precisam ser colocadas em prática:
a 9840, que pune a compra de votos, aprovada em 1999; a da Ficha Limpa, aprovada em
2010, ambas nascidas de milhões de assinaturas em nossas igrejas. Leis questionadas
na justiça porque contrariam interesses poderosos. Elas devem cumprir seu papel de
afastar políticos oportunistas. Façamos a nossa parte para um mundo melhor. Dom
Paulo Mendes Peixoto Arcebispo de Uberaba.