A oração segundo Santo Afonso Maria de Ligório: Bento XVI na audiência geral
Com o início do mês de Agosto, como tinha sido anunciado, Bento XVI retomou o tradicional
encontro das quartas-feiras, com os peregrinos que se deslocaram para o efeito a Castel
Gandolfo, onde o Santo Padre se encontra nestes meses de verão. Em razão do intenso
calor, e do elevado número de fiéis que ali confluíram, a audiência geral foi mais
abreviada e teve lugar na praça em frente do palácio apostólico, com o Papa sentado
à entrada, à sombra do pórtico de acesso ao pátio interior onde normalmente se instalam
as pessoas, aos domingos, por ocasião do Angelus.
Retomando o tema que o vem
ocupando, às quartas-feiras, desde há meses – a oração – Bento XVI ilustrou brevemente
o que sobre este assunto Santo Afonso Maria de Ligório, cuja memória ocorre neste
dia 1 de Agosto.
Bento XVI definiu este Doutor da Igreja, um dos santos mais
populares do século XVIII, pelo seu estilo simples e imediato e pela sua doutrina
sobre o sacramento da penitência. Para ele a oração era “um meio necessário e seguro
para obter a salvação e todas as graças de que necessitamos”.
Um meio, o que
significa que se tem em vista um objectivo a atingir: a plenitude da vida – disse
o Papa. Mas, por causa do pecado, esta meta afastou-se, de certo modo, e só a graça
de Deus pode torná-la acessível. Para fazer compreender o perigo de nos perdermos
na vida, Santo Afonso dizia: “Quem reza salva-se, quem não reza se dana” e acrescentava
“que salvar-se sem rezar é difícil, aliás impossível”.
Ele queria, deste modo
fazer compreender, que em qualquer situação da vida não se pode prescindir da oração,
especialmente em momentos de dificuldades e provações. Temos de bater sempre às portas
de Deus, seguros de que ela cuida dos seus filhos.
Trata-se duma questão central.
O que é realmente necessário para nossa vida? Perguntou-se o Papa, respondendo com
as palavras de Santo Afonso…
“A saúde e todas as graças para ela necessárias”.
É claro que entendo não apenas a saúde do corpo, mas sobretudo a da alma, que Jesus
nos doa. Mais do que qualquer outra coisa, temos necessidade da sua presença libertadora
que nos torna plenamente humanos e torna a nossa existência repleta de alegria. E
só através da oração podemos acolher a Deus, a sua Graça que, iluminando-nos em toda
e qualquer situação, nos permite reconhecer o verdadeiro bem e, fortificando-nos,
torna também a nossa vontade eficaz, isto é, torna-a capaz de pôr em acto o bem reconhecido.
Muitas vezes reconhecemos o bem, mas não somos capazes de o pôr em prática. Com a
oração chegamos a isto".
São Afonso traz-nos o exemplo muito interessante
de São Filipe Nero, que logo ao acordar-se de manhã, dizia a Deus: “Senhor, mantenha
hoje as mãos sobre Filipe, porque se não o fizerdes Filipe vos trairá.” De forma
muito realista ele pede a Dus para manter sobre ele as mãos.
Também nós –
continuou Bento XVI – conscientes da nossa fraqueza, devemos pedir a ajuda de Deus
com humildade, confiando só na riqueza da sua misericórdia.
Santo Afonso -
concluiu o Papa - recorda-nos que “a relação com Deus é essencial na nossa vida e
que só com uma oração pessoal quotidiana e com a participação nos Sacramentos, pode
crescer em nós a presença divina que orienta o nosso caminho, o ilumina e o torna
seguro e sereno, mesmo em situações de perigo e dificuldades.”
Presentes nesta
audiência geral, alguns grupos de peregrinos vindos de Portugal, que o Papa saudou
expressamente, na nossa língua:
“Com sentimentos
de gratidão e estima, saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente
o grupo de escuteiros de Alcobaça, invocando sobre os vossos passos a graça do encontro
com Deus: Jesus Cristo é a Tenda divina no meio de nós; ide até Ele, vivei na sua
graça e tereis a vida eterna. Desça sobre vós e vossas famílias a minha Bênção.”