Pontifício Conselho para a Cultura dedica revista ao envelhecimento
Cidade do Vaticano (RV) – O envelhecimento é o tema principal da última edição
da revista Cultura e Fé, publicada pelo Pontifício Conselho para a Cultura, que apresenta
diversos olhares sobre a pessoa idosa.
O crescimento positivo da esperança
de vida e a diminuição da natalidade “provocam desequilíbrios intergeracionais”, sublinha
o bispo português Dom Carlos Azevedo, que assina o editorial.
O delegado do
Pontifício Conselho presidido pelo Cardeal Gianfranco Ravasi salienta que a participação
ativa dos idosos na vida social e familiar “assume na cultura um peso sobre o qual
é preciso refletir”.
O responsável considera que há duas perspetivas que merecem
ser analisadas: “a cultura do idoso no que respeita ao seu próprio envelhecimento”
e a “mentalidade social predominante” sobre a pessoa idosa.
A redação de Ecclesia
pediu contributos a especialistas de diversas disciplinas sobre “a arte de envelhecer”,
baseados na colaboração que os anciãos podem prestar na construção da comunidade,
bem como sobre as dimensões psicológicas e espirituais da vida tendo em conta a aproximação
da terceira idade.
A sociologia mostra como os idosos são vistos nas diferentes
sociedades: “A tradição africana resiste ainda à mentalidade pragmática e produtivista
da Europa”, onde os “cálculos economicistas colocam à margem a sabedoria da experiência”,
acentua Dom Carlos Azevedo.
“O modelo da eterna juventude ganha terreno no
dia a dia e ignora o desenvolvimento interior, não obstante a novidade da experiência
que o envelhecimento pode trazer, ainda que seja assinalado pela perda de capacidades
e da perceção dos limites”, acrescenta.
A teologia olha para o envelhecimento
como o “cumprimento da vida, distinguindo entre o declínio físico e o crescimento
do espírito”, ao mesmo tempo que realça “a importância da vida espiritual vivida enquanto
acolhimento da terceira idade como uma bênção”.
“A espiritualidade cristã sustenta
a aceitação dos limites, a reconciliação com a vida relida e a preparação para o encontro
com Deus”, aponta o responsável de 58 anos, observando que uma cultura sã é chamada
a ver no envelhecimento “a beleza da tranquilidade, da ternura e do silêncio, e não
apenas a aspereza da doença e da solidão”.