2012-07-28 12:42:17

Editorial: A utopia da fraternidade


Cidade do Vaticano (RV) - RealAudioMP3 Teve início nesta sexta-feira, com um espetáculo de abertura sensacional, visto pela da televisão por bilhões de pessoas, mais uma edição dos Jogos Olímpicos, a de número 30 da era moderna. O mundo do esporte e, não somente ele, concentrará a sua atenção nas duas próximas semanas na capital inglesa, cenário das competições que envolvem mais de 16 mil atletas provenientes de todas as partes do mundo.

Deixando de lado os problemas organizativos como trocas de bandeiras dos países e nacionalidade dos atletas, registrados nos primeiros momentos, os jogos trazem à mente a fadiga, a expectativa, a ânsia dos atletas por um resultado que coroe anos de treinamento e de renúncias, de tristezas e alegrias. Tudo por um momento de glória, por um momento de explosão de alegria, de uma medalha.

A história dos Jogos Olímpicos remontam a cerca de 2500 a.C., quando os gregos realizavam festivais esportivos em honra a Zeus no santuário de Olímpia - o que originou o termo olimpíada. O evento era tão importante que interrompia até as guerras. Os vencedores recebiam uma coroa de louros. As Olimpíadas perderam prestígio com o domínio romano na Grécia, no século II a.C. Em 392, o imperador Teodósio I converte-se ao cristianismo e proibe todas as festas pagãs, inclusive as Olimpíadas.

A versão moderna dos Jogos foi realizada pela primeira vez em 1896, em Atenas, por iniciativa do francês Pierre de Fredy (1863-1937), o Barão de Coubertin. Participaram 285 atletas de 13 países, disputando provas de atletismo, ciclismo, esgrima, ginástica, halterofilismo, luta livre, natação e tênis. Os vencedores foram premiados com medalha de ouro e ramo de oliveira. Adotou-se o termo "Olimpíadas", no plural, pois na competição cada modalidade é encarada como uma Olimpíada em separado.

“A verdadeira meta da luta é, sem dúvida, a vitória em si e ela, sobretudo se alcançada em Olímpia, era considerada como a mais sublime da Terra, já que garantia ao vencedor aquilo que no fundo era a ambição de todo o grego: ser admirado em vida e celebrado na morte - escreve Jacob Burckhardt no seu livro a História da Cultura Grega. Coubertin via a competição como uma encarnação dos valores humanistas do esporte e do congraçamento entre nações.

No último domingo antes de se despedir dos mais de 4 mil fiéis presentes em Castel Gandolfo para a oração do Angelus, Bento XVI recordou os Jogos Olímpicos afirmando que “as Olimpíadas são o maior evento esportivo mundial do qual participam atletas de muitas nações e, como tal, se reveste de um forte valor simbólico. Por isso, a Igreja Católica os vê com particular simpatia e atenção. Rezemos – disse o Papa - para que, segundo a vontade de Deus, os Jogos Olímpicos de Londres sejam uma experiência de fraternidade entre os povos da Terra”.

No mundo, neste momento, existem muitos focos de tensões, de conflitos, de guerras fratricidas; seria quem sabe um desejo utópico pedir aos beligerantes que calassem as armas e amenizassem o ódio durante os Jogos, dando vida a momentos de diálogo!

O próprios Jogos da Era Modera também foram usados como palco para manifestações políticas. Basta recordar as Olimpíadas de Berlim, em 1936, quando Adolf Hitler recusou-se a reconhecer as vitórias do atleta negro norte-americano Jesse Owens, ganhador de quatro medalhas de ouro. Ironia do destino, hoje Jesse Owens dá nome a uma rua em frente ao estádio em que obteve a medalha de ouro nos 100 metros rasos. Nas Olimpíadas de Munique, em 1972, um atentado do grupo terrorista palestino Setembro Negro matou 11 atletas de Israel. Até o fim da Guerra Fria ocorreram vários boicotes às Olimpíadas por motivos políticos.

Apesar das tentativas políticas de usar esse evento em proveito próprio o sonho olímpico continua com o slogan “o importante é competir”.

Os Jogos reunirão atletas de 192 países, entre os quais o Brasil - na disputa de cerca de 30 modalidades esportivas. E o Brasil tem um olhar diferente dos demais, pois será o Rio de Janeiro a abraçar os atletas do mundo inteiro nas próximas Olimpíadas, em 2016. Por isso temos muitas importantes lições a aprender ao longo dessa competição.

Nesta sexta-feira, as Igrejas Católicas e as demais Igrejas Cristãs da Inglaterra se uniram para tocar seus sinos, em comemoração ao início dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. A Catedral de Westminster deu o repique inicial. A ideia foi de que as pessoas acordassem no dia da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos com novas expectativas em seus corações.

Nestes dias voltamos a sonhar com nossos atletas e suas medalhas, e sonhar que as disputas entre países sejam somente disputas esportivas. Fazemos votos, como disse o Papa, de que os jogos “sejam realmente uma experiência de fraternidade entre os povos da Terra”.
(Silvonei José)








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