Belo Horizonte (RV) - O dia 31 de julho é data especial no calendário de Minas
Gerais. Nesse dia, em 1960, na Praça da Liberdade, na capital mineira, com admirável
presença do povo de Deus, de autoridades civis, bispos, padres e religiosos, celebrou-se
a consagração de Minas Gerais a Nossa Senhora da Piedade, que passou a ser venerada
como a Padroeira do Estado. A consagração selou - pelo empenho do Cardeal Carlos Carmelo
de Vasconcelos Mota, então Arcebispo de São Paulo, mineiro apaixonado por sua terra,
com a benção do Bem Aventurado João XXIII, Papa que concedera o título em 1958, e
com a bondade de Dom João Resende Costa, então Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte
- uma história de fé e devoção que remonta o início da história tricentenária de Minas.
Esta
história é iluminada pela devoção Mariana presente no Santuário Nossa Senhora da Piedade,
um monumento à fé cristã neste coração católico do Brasil. Uma preciosidade que tem
como fonte a rica e bíblica espiritualidade Mariana, com suas propriedades de ensinamento
e inspiração para a experiência do discipulado no seguimento de Jesus Cristo. Grande
dom que gera razões para um jubileu anualmente celebrado, verdadeiro reconhecimento
indispensável pelo presente recebido, oportunidade para que todos vivam esse tesouro
espiritual e humanístico.
O Santuário Nossa Senhora da Piedade é referência
que congrega valores da mais qualificada ordem, sacramentados na Ermida da Padroeira,
casa de clemência e de bondade. Inclui um patrimônio ecológico inestimável, herança
que merece todo respeito e empenho de preservação, um conjunto paisagístico da mais
alta significação turística, com força de produzir encantamentos únicos, de incontáveis
matizes. É impossível não ficar admirado diante da manifestação exuberante e inigualável
da natureza, magnífica arquitetura divina. Sua fauna, flora, contornos, geografia,
pedras, subidas e descidas. Também é notável o conjunto arquitetônico do Santuário,
fruto das paixões inteligentes de Antônio da Silva Bracarena, o ermitão português
que o idealizou e iniciou sua construção, no século 18, frei Rosário Joffily, com
seus inesquecíveis amigos da Serra, admiráveis, como o arquiteto Alcides da Rocha
Miranda e o padre Virgílio Resi.
O registro indelével da presença amorosa e
fervorosa de peregrinos por quase dois séculos, compondo uma história de fé e milagres,
faz da Serra da Piedade, com o Santuário da Padroeira de Minas, um incontestável e
necessário coração para o Estado. É tarefa missionária cultivar nos habitantes dessa
terra o amor e devoção a sua padroeira e ao Santuário. Assim, todas as pessoas, de
diversos lugares, peregrinos, visitantes e turistas encontrarão essa fonte de qualificação
do ser pela espiritualidade, pela fé, pela força educativa e transformadora de sua
beleza.
A Arquidiocese de Belo Horizonte é a guardiã desse rico patrimônio,
tarefa amparada pelo tombamento do conjunto arquitetônico e paisagístico, em 1956,
pelo Iphan e, em 2004, pelo Iepha. No Jubileu do Santuário, 31 de julho de 2012,
em solenidade oficial, pela manhã, o governador Antonio Anastasia assina o Decreto
que declara o conjunto paisagístico, artístico e cultural do Santuário Nossa Senhora
da Piedade como Atrativo Turístico de Especial Relevância em Minas Gerais. Um acontecimento
que inclui o compromisso governamental de estimular o desenvolvimento do potencial
turístico, promoção, divulgação, a preservação da biodiversidade, incentivo ao investimento
privado na infraestrutura para bom atendimento aos peregrinos, romeiros e turistas.
Neste
mesmo horizonte de comprometimentos com a preservação e promoção do dom do Santuário
Nossa Senhora da Piedade está o importante projeto do Caminho Religioso da Estrada
Real (CRER) - do Santuário da Padroeira de Minas ao Santuário da Padroeira do Brasil,
Nossa Senhora Aparecida. Um caminho religioso, semelhante ao de Santiago de Compostela,
que pode ser percorrido a pé, de bicicleta, a cavalo, como turismo ou peregrinação.
O percurso tem 600 km de extensão e passa por 32 cidades, sendo 27 em Minas Gerais
e cinco em São Paulo. Uma iniciativa para envolver governos, segmentos empreendedores
da sociedade, Arquidioceses e Dioceses, com foco prioritário em religiosidade, história,
cultura.
Também é importante o compromisso de reverter processos de degradação
ambiental, potencializar ativos socioambientais, com a valorização do capital humano
e da vocação religiosa do Santuário, precioso para a Igreja, instrumento privilegiado
de evangelização e de serviço à vida. Que a beleza, a espiritualidade e o silêncio
da Serra da Piedade atraiam e valorizem vidas, razões para celebrar o Jubileu do Santuário.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte