Tóquio (RV)
- Ouvintes do Programa Brasileiro que chega aos seus receptores através das ondas
da Rádio Vaticano, recebam uma saudação de paz e fraternidade deste belo país conhecido
com o nome de Japão, mas também por Terra do Sol Nascente. Este nome que sugere certo
romantismo foi dado pelos habitantes do continente asiático para classificar as terras
que estavam do lado onde o sol surge no horizonte. Os japoneses chamam sua terra de
Nihon ou Nippon. Os europeus também andaram dando nome a esse país. Dois séculos antes
de Cristóvão Colombo iniciar suas viagens, Marco Polo chamou essas terras de Zipangu.
Atualmente, em nosso idioma, chamamos as ilhas deste arquipélago e de Ryukyu de Japão.
Sinto-me feliz de comunicar a vocês que, com a presente colaboração com o
Programa Brasileiro, transmitido pela Rádio Vaticano, chego ao número 100 . Coincidência
ou não, essa difusão marca também a minha saída do Japão para outra missão em outro
país.
Confesso a vocês que sou profundamente grato a Deus e à Rádio Vaticano,
pelo convite a colaborar com seu programa. Foi uma oportunidade e um incentivo para
que eu me aproximasse mais desse povo de uma cultura milenar, com suas religiões em
harmonia. Leituras, diálogos e experiências foram as fontes de conhecimento daquilo
que tentei lhes comunicar pelas ondas da rádio. Graças a essas colaborações, saio
da Terra do Sol Nascente com a bagagem cultural bem mais enriquecida.
Além
de falar sobre assuntos referentes à cultura e situações da vida diária, como missionário
escalabriniano com migrantes brasileiros, de línguas espanhola e inglesa, pude experimentar
com eles os desafios mais variados para conquistar espaços, dentro dessa sociedade
muito particular, e relatar para vocês parte de suas histórias. Exercendo minhas
atividades, em situações multiculturais, ecumênicas e inter-religiosas, foi possível
levar a vocês a beleza das diferenças que, ao invés de nos separar, se transformam
em fonte de enriquecimento, oportunidade de diálogo, respeito e fraternidade. Os migrantes
que aqui vieram para ganhar dinheiro, agora estão brindando aos japoneses a oportunidade
de conhecer outras culturas, formas de viver e convicções religiosas. A vinda de trabalhadores
de outros países é vista como um meio para que o Japão seja, de fato, mais aberto
ao mundo.
Durante o período de nove anos no Japão, os momentos marcantes foram
muitos. Com absoluta certeza, estar aqui, com os japoneses e migrantes, no dia 11
de março de 2011, quando às 14h46, o país foi sacudido pelo terremoto maciço, seguido
de tsunamis e perigo de liberação de radiações nucleares pela usina danificada de
Fukushima, foi a mais marcante. Digo isso por dois motivos: estar presente e assistir
aos horrores causados pela liberação das forças da natureza, deixaram marcas indeléveis
e induziram a questionar nossas posições diante da criação; testemunhar as atitudes
desse povo, enfrentando os sofrimentos com dignidade, autocontrole, otimismo, determinação
de recomeçar tudo, senso do bem comum e honestidade foi uma oportunidade para pensar
nos valores de que havíamos descuidado.
Rogo-lhes, humildemente, que acolham
as minhas partilhas como a manifestação de carinho e amor por vocês.
Missionário
Pe. Olmes Milani CS Do Japão para a Rádio Vaticano.