Itália empenhada na defesa dos cristãos na Nigéria
A Itália está a levar a cabo diversas iniciativas a favor dos cristãos na Nigéria.
É quanto foi sublinhado esta quinta-feira de manhã numa conferência de imprensa realizada
na sede da Associação da Imprensa Estrangeira, em Roma, por iniciativa do “Observatório
da Liberdade Religiosa”.
Este organismo que entrou em acção há alguns meses
atrás, está ligado ao Ministério Italiano dos Negócios Estrangeiros e à Câmara Municipal
de Roma. Embora se ocupe da liberdade religiosa em geral, o Observatório tem a peito
a questão da violência contra os cristãos no mundo – foi dito aos jornalistas.
Na
Conferência de Imprensa participou o Ministro italiano dos Negócios Estrangeiros,
Giulio Terzi, o qual afirmou que a Itália está a apoiar a Nigéria na luta contra o
terrorismo de Boko Haram a quatro níveis: antes de mais a nível diplomático, fazendo
com as organizações internacionais ponham na agenda a questão da liberdade religiosa;
depois a nível da cooperação bilateral com governos amigos, tendo em vista sobretudo
a formação das forças da ordem nigerianas e a segurança nas fronteiras; a nível do
dialogo inter-religioso, visando envolver também o chamado “islão politico”; e por
fim a nível local, ajudando a desenvolver as boas práticas.
Neste seu esforço
de ajudar a combater o fenómeno terrorista na Nigéria que tem entre os seus principais
grupos alvo, os cristãos, o governo italiano tem pleno apoio do Parlamento nacional
- disse por sua vez Maurizio Lupi, vice Presidente da Câmara. Isto porque a liberdade
religiosa é um direito fundamental do homem, património não só dos crentes, mas de
todos – referira pouco antes o Ministro, citando João Paulo II.
Maurizio Lupi
acrescentou depois que na semana passada tiveram, no Parlamento, um encontro com Mons.
Ignatius Kaigama, presidente da Conferencia Episcopal Nigeriana, que lançou um apelo
ao mundo ocidental a não permanecer indiferente ao que está a acontecer na Nigéria
porque, afinal de contas, o que está em jogo é a liberdade religiosa. Daí que tenham
dado vida a algumas iniciativas de sensibilização dirigidas antes de mais ao meios
de comunicação italianos com o slogan “Não esperemos um outro domingo”; ou ainda a
criação dum site Web em que se pode assinar uma petição intitulada “Travemos o massacre
de cristãos”. Até hoje já havia 31 mil assinaturas;
Por fim tomou a palavra
a deputada Margarida Boniver, enviada especial do Ministério dos Negócios Estrangeiros
para situações de emergência humanitária. Disse ter regressado há poucos dias da Nigéria
que já visitou duas vezes no contexto do apoio italiano na luta contra o terrorismo
no país. “A minha impressão” – disse – é que as autoridades nigerianas estão conscientes
do desafio que Boko Haram representa e que se trata dum fenómeno que ultrapassa as
fronteiras nigerianas. Disse ainda que a estratégia do dialogo inter-religioso não
tem dado grandes resultados, na medida em que os ataques continuam e já chegaram até
já chegaram até à capital Abuja. O país, referiu, está cheio de postos de controlo,
de “lombadas” nas estradas. Frisou também que se nota uma cerca união de diversas
forças terroristas, facto que tem vindo a verificar-se sequência do assassinato de
M. Kadhafi. Isto prosseguiu representa um grande perigo para boa parte da África que,
disse, está “numa progressiva afganização”.
No que toca às propostas de dialogo
com o “islão politico”, excluindo os de matriz violenta, em resposta à pergunta de
um jornalista que deu alguns exemplos de pessoas, ou mesmo grupos, que eram considerados
terroristas e que depois se tornaram interlocutores para a paz, o coordenador do Observatório
da Liberdade Religiosa, Massimo Introvigne disse que há um limite no dialogo com grupos
que baseiam as suas acções na violência.
Já o Presidente da Câmara de Roma,
Giani Allemano explicou que a criação desse Observatório da Liberdade Religiosa é
fruto duma promessa feita a Bento XVI quando visitou a Câmara de Roma em Janeiro de
2009. Além disso, na linha de continuidade da luta contra a pena de morte no mundo,
a Câmara Municipal de Roma quer empenhar-se também na defesa da Liberdade Religiosa
no sentido lato da palavra.