Hong Kong (RV) - Os católicos de Hong Kong, na China, se manifestaram na última
segunda-feira, 16, em apoio ao Bispo-auxiliar de Shangai, Dom Thadeus Ma Daqin, que
se encontra detido em um seminário após renunciar a seus cargos públicos para exercer
seu ministério com toda fidelidade à Santa Sé. Ao todo, cerca de mil pessoas se reuniram
na Igreja de Santa Margarida para a celebração de uma Eucaristia pedindo liberdade
religiosa e cerca de 300 se deslocaram até o Escritório de Coordenação do Governo
chinês, em frente do qual rezaram um Terço; voltaram a pedir respeito pelo livre exercício
do apostolado da Igreja.
Patrick Moon, um dos organizadores e membro da Comissão
Diocesana Justiça e Paz, afirmou em declarações difundidas pela agência UCA News,
que a presença dos fiéis na frente do edifício governamental mostra o aumento da preocupação
que os católicos tem pela Igreja Católica na China. “O bispo Ma se tornou um exemplo
vivo de como a Igreja é controlada pela Associação Patriótica”, afirmou. “Agora mais
pessoas entendem de onde vem este problema”.
A corajosa declaração pública
de Dom Ma Daqin - que ao final da cerimônia de ordenação episcopal renunciou aos cargos
que tinha na Associação Patriótica - contribuiu para esclarecer a confusa situação
da Igreja na China. Os católicos sofrem a divisão entre quem está sob o domínio da
Associação, que pretende controlar as nomeações e a ação da Igreja como condição para
seu trabalho “livre”, e o clero clandestino, obediente à Santa Sé, que sofre fortes
restrições por viver a sua fé.
As autoridades se esforçam em deixar menos
evidentes a diferença entre as duas comunidades. Padre Franco Mella, sacerdote italiano
que leciona na China há cerca de uma década, explicou as consequências que o gesto
do prelado têm na Igreja local. “O bispo Ma é provavelmente o primeiro a dizer abertamente
que deseja mais liberdade e isto definitivamente influirá sobre os cristãos na China
para que expressem seus desejos com valentia”, disse. Os presentes na Eucaristia,
concelebrada pelo bispo emérito de Hong Kong, Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, e cerca
de 20 sacerdotes, também rezaram pela Igreja da cidade de Harbin, onde um sacerdote
foi ordenado bispo ilegalmente. (SP)