2012-07-17 18:24:12

Libertado militar condenado pelo homicídio do bispo guatemalteco Juan Gerardi


Cidade da Guatemala (RV) - "Uma injustiça para com aqueles que sofreram e morreram por mãos do exército durante o conflito armado": com essas palavras, o arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Guatemala, Dom Oscar Julio Vian Morales, definiu a liberdade concedida no fim de semana ao coronel da reserva Byron Disrael Lima Estrada, condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato, em 26 de abril de 1998, de Dom Juan José Gerardi Conedera.

"É estranho que assim tão rapidamente tenha sido concedida liberdade a Lima Estrada, porque existem outros implicados, como o sacerdote Mario Orantes, ao qual foi negado o pedido de remissão da pena", acrescentou o arcebispo – segundo informa a imprensa guatemalteca. O Cel. Lima Estrada, agora com 80 anos, já descontou onze anos da pena, sete dos quais recluso num hospital.

A decisão do tribunal e a falta de impugnação por parte do ministério público "é mais do que vergonhosa para o povo da Guatemala, que esperava que a pena fosse cumprida em sua totalidade. Isso nos diz que no país continuamos retrocedendo em nível de justiça": foi o que disse o diretor do Departamento para os Direitos Humanos do Arcebispado de Guatemala (Odagh), Nery Rodenas, organismo já conduzido pelo próprio Dom Gerardi. "Não partilhamos essa decisão porque a condenação de Lima Estrada teve grande repercussão nacional e internacional", enfatizou Rodenas.

Além de Byron Disrael Lima Estrada foram também reconhecidos culpados pelo homicídio do bispo auxiliar de Guatemala o Capitão Byron Lima Oliva (filho do Cel. Lima Estrada), e o sacerdote Mario Orantes, também eles condenados a 20 anos de prisão.

Dois dias antes de ser assassinado, Dom Gerardi publicara o relatório "Guatemala nunca mais", fruto do Projeto interdiocesano Remhi (Recuperação da memória histórica) sobre os crimes da guerra civil que entre 1960 e 1996 provocou ao menos duzentas mil vítimas, entre mortos e "desaparecidos".

No relatório foram documentadas mais de cinquenta e cinco mil violações dos direitos humanos perpetradas durante o conflito, 80% das quais atribuídas ao exército. (RL)







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