Olinda (RV) - De 10 a 13 de julho, a cidade de Olinda (PE) recebeu agentes
de pastoral, ciganos e não ciganos, de diversos estados brasileiros, para a Assembleia
da Pastoral dos Nômades. O objetivo do encontro foi a partilha das experiências, oração
e planejamento de atividades.
De acordo com o Diretor executivo da Pastoral,
Padre Wallace do Carmo Zenon, foi firmada uma parceria com a Comunidade Obra de Maria
para um trabalho de evangelização junto aos circenses e ciganos, a partir do estado
de Pernambuco: "Este momento da Assembleia é muito rico para nossa caminhada de agentes
da Pastoral, que nos anima e nos dá força para continuarmos nossa missão de ser presença
de Igreja junto ao povo cigano, circense e parquistas”.
Também esteve presente
no evento o bispo de Eunápolis (BA), referencial da Pastoral dos Nômades, Dom José
Edson Santana de Oliveira. É ele quem assina a chamada “Carta de Olinda”, fruto do
encontro, e que reproduzimos na íntegra a seguir:
“Por ocasião da 25ª Assembleia
Nacional da Pastoral dos nômades, Pastoral ligada a Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB) realizada em Olinda, PE, seus membros, ciganos e não-ciganos, reunidos
decidiram encaminhar a Carta de Olinda aos diversos setores da sociedade brasileira
no intuito de dar visibilidade à Pastoral e à causa dos ciganos.
Entendemos
que é dever do Estado Brasileiro cuidar do bem estar de todos os cidadãos, sem distinção
de cor, sexo, credo ou etnia, o que inclui os ciganos, que aqui chegaram desde o início
da colonização portuguesa. É fato que os ciganos são excluídos da sociedade como um
todo e, assim sendo, não tiveram oportunidade de se desenvolver como grupo humano,
como etnia, menos ainda como seres portadores de direitos individuais. Como sanção
pelo simples fato de terem nascido ciganos, lhes foram cerceados direitos básicos
universais como o acesso à educação, saúde, cultura, moradia, segurança e até mesmo
direito de ir e vir.
Devido à omissão das autoridades competentes, a Pastoral
dos Nômades, entidade da Igreja Católica, vem em socorro deste Povo mostrando à sociedade
os valores, costumes e tradições da família cigana, valores estes que na sociedade
não-cigana, declinam a passos largos. A Pastoral dos Nômades espera que os gestores
públicos, levando-se em consideração os costumes e tradições ciganas, cumpram suas
funções no que rege a:
1. Direito à Moradia; 2. Direito à Educação; 3.
Direito à Saúde; 4. Direito à Segurança; 5. Reconhecimento de sua cidadania.
Por
fim, nunca é demais lembrar que os ciganos estão resguardados no que rege o Artigo
5º da carta Magna deste país, o que torna o direito destes um dever do Estado.Como
Pastoral da Igreja Católica, assumimos o compromisso de continuarmos sendo os primeiros
a levar adiante a bandeira da defesa incansável do povo cigano, defendendo sua unidade
familiar, seus valores e sua cultura como um todo.
Convidamos aos homens e
mulheres de boa vontade a caminhar conosco nesta estrada cigana! Que o Beato Zeferino,
Mártir Cigano, nos inspire, anime e interceda por esta nossa jornada”.
Olinda
(PE), 13 de julho de 2012.
DOM JOSÉ EDSON SANTANA DE OLIVEIRA Bispo referencial
da Pastoral dos Nômades do Brasil (cnbb-CM)