2012-07-16 13:59:46

Nigéria: o medo dos cristãos


Roma (RV) - Cresce nas comunidades cristãs nigerianas o temor de que os repetidos ataques sangrentos perpetrados por grupos islâmicos possam dar vida a um conflito religioso e étnico em todo o país. Irmã Caterina Dolci, missionária das Irmãs do Menino Jesus de Nicola Barré, há 27 anos na Nigéria, no Estado de Taraba (nordeste do país), conta, aos microfones da Rádio Vaticano, o medo dos cristãos locais, há muito tempo na mira da seita integralista Boko Haram e prova a explicar os motivos desses ataques:

R. – Os motivos desses ataques são muito complexos. Entretanto, muitos dos membros de Boko Haram certamente buscam o poder. Neste último período a Nigéria está sendo governada por um presidente cristão, mas alguns grupos fundamentalistas islâmicos não o querem: querem um presidente muçulmano. Nos últimos anos – praticamente desde 2009 – se formou o grupo Boko Haram, que está buscando destruir a Nigéria em busca de poder: usam o fator religioso, que na Nigéria é muito importante, para colocar as pessoas umas contra as outras. O fator étnico e o fator religioso caminham juntos; se se ataca uma tribo, quer dizer que se deseja também atacar a sua religião. Por detrás de Boko Haram estão pessoas interessadas nesta destruição, também porque algumas delas são financiadas por políticos, ex-ditadores que desejam reconquistar o poder.

P. Chama à atenção a incapacidade do governo de defender as comunidades cristãs.

R. É verdade e infelizmente esse é um dos grandes problemas. Toda vez que se verifica um ataque, o presidente promete que será o último, mas, ao invés, continuam a se verificar. O nosso presidente é uma pessoa – digamos – boa, mas evidentemente é muito fraco; existem forças por detrás dele que são muito mais poderosas do que ele. É difícil denunciar os culpados, porque isso colocaria em perigo a própria vida. As pessoas se sentem abandonadas; muitas vezes, também a polícia e os militares são de parte, e não se entende bem quem deve defender os pobres cidadãos. Também nas igrejas algumas pessoas se organizaram para proteger as igrejas; mas isso não resolve, pois os episódios continuam a se repetir.

P. Como é a convivência, em geral, entre cristãos e muçulmanos na Nigéria?

R. Eu diria que a convivência nunca foi um grande problema: seja no Sul como no Norte as relações sempre foram bastante cordiais. Na região onde me encontro, em Jalingo, que não é uma região de conflitos, a convivência sempre foi boa e sempre houve respeito. Todavia, nos últimos anos, a convivência também entre nós tornou-se mais problemática, apesar de não terem sido registrados grandes problemas: mas agora ninguém confia em ninguém. Os cristãos não confiam mais nos muçulmanos, os muçulmanos não confiam mais nos cristãos, pois a pessoa que você encontra poderia ser um potencial inimigo. Criaram-se situações que não correspondem ao desejo das pessoas, que sempre viveram de modo tranquilo e em paz. (SP)








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