Nova Evangelização e Redemptoris missio: "Ninguém vai ao Pai, senão por Mim"
– a unicidade do Salvador
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, é mais uma vez chegado o momento do encontro semanal
deste espaço do nosso programa dedicado à nova evangelização, como temos ressaltado,
não um modismo, mas uma questão prioritária para a Igreja em nossos dias.
Tendo
em vista o Sínodo dos Bispos de outubro próximo cuja XIII Assembleia Geral Ordinária
terá como tema "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã", prosseguimos
nesta edição nossa revisitação à Redemptoris missio, Carta encíclica de João
Paulo II – de 1990 – sobre a validade permanente do mandato missionário.
Na
edição passada iniciamos – com o nº 4 – o primeiro capítulo da encíclica, capítulo
este que tem como título "Jesus Cristo único Salvador".
De fato, o Papa Wojtyla
evidencia quer a unicidade do Salvador, quer a destinação universal da salvação, como
vimos já no nº 4: no acontecimento da Redenção está a salvação de todos, « porque
todos e cada um foram compreendidos no mistério da Redenção, e a todos e cada um se
uniu Cristo para sempre, através deste mistério »; e como veremos agora no n. 5, cujo
título é « Ninguém vai ao Pai, senão por Mim » (Jo 14, 6). Diz o texto: 5. "Remontando
às origens da Igreja, aparece clara a afirmação de que Cristo é o único salvador de
todos, o único capaz de revelar e de conduzir a Deus. Às autoridades religiosas judaicas,
que interrogam os Apóstolos sobre a cura do aleijado, realizada por Pedro, este responde:
« É em nome de Jesus Nazareno, que vós crucificastes e Deus ressuscitou dos mortos,
é por Ele que este homem se apresenta curado diante de vós (... ) E não há salvação
em nenhum outro, pois não há debaixo do céu qualquer outro nome dado aos homens que
nos possa salvar » (At 4, 10.12). Esta afirmação, dirigida ao Sinédrio, tem um valor
universal, já que, para todos — judeus e gentios —, a salvação só pode vir de Jesus
Cristo. A universalidade desta salvação em Cristo é afirmada em todo o Novo Testamento.
S. Paulo reconhece, em Cristo ressuscitado, o Senhor: « Porque, ainda que haja
alguns que são chamados deuses, quer no céu quer na terra, existindo assim muitos
deuses e muitos senhores, para nós há apenas um único Deus, o Pai de Quem tudo procede
e para Quem nós existimos; e um único Senhor, Jesus Cristo, por meio do Qual todas
as coisas existem, e igualmente nós existimos também » (1 Cor 8, 5-6). O único Deus
e o único Senhor são afirmados em contraste com a multidão de « deuses » e de « senhores
» que o povo admitia. Paulo reage contra o politeísmo do ambiente religioso do seu
tempo, pondo em relevo a característica da fé cristã: crença num só Deus e num só
Senhor, por Aquele enviado. No Evangelho de S. João, esta universalidade salvífica
de Cristo compreende os aspectos da Sua missão de graça, de verdade e de revelação:
« o Verbo é a Luz verdadeira que a todo o homem ilumina » (Jo 1, 9). E ainda: « ninguém
jamais viu Deus: o Filho único, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer »
(Jo 1, 18; cf. Mt 11, 27). A revelação de Deus tornou-se definitiva e completa, na
obra do Seu Filho Unigênito: « Tendo Deus falado outrora aos nossos pais, muitas vezes
e de muitas maneiras, pelos profetas, agora falou-nos, nestes últimos tempos, pelo
Filho, a Quem constituiu herdeiro de tudo, e por Quem igualmente criou o mundo » (Heb
1, 1-2; cf. Jo 14, 6). Nesta Palavra definitiva da Sua revelação, Deus deu-se a conhecer
do modo mais pleno: Ele disse à humanidade Quem é. E esta auto-revelação definitiva
de Deus é o motivo fundamental pelo qual a Igreja é, por sua natureza, missionária.
Não pode deixar de proclamar o Evangelho, ou seja, a plenitude da verdade que Deus
nos deu a conhecer de Si mesmo. Cristo é o único mediador entre Deus e os homens:
« há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo Homem, que se
deu em resgate por todos. Tal é o testemunho que foi dado no tempo devido, e do qual
eu fui constituído pregador, apóstolo e mestre dos gentios na fé e na verdade. Digo
a verdade, não minto » (1 Tim 2, 5-7; cf. Heb 4, 14-16). Os homens, portanto, só poderão
entrar em comunhão com Deus através de Cristo, e sob a ação do Espírito. Esta Sua
mediação única e universal, longe de ser obstáculo no caminho para Deus, é a via estabelecida
pelo próprio Deus, e disso, Cristo tem plena consciência. Se não se excluem mediações
participadas de diverso tipo e ordem, todavia elas recebem significado e valor unicamente
da de Cristo, e não podem ser entendidas como paralelas ou complementares desta."
Do
tema da unicidade do Salvador e da destinação universal da salvação – desenvolvidos
no texto a partir da Sagrada Escritura – resulta claro, amigo ouvinte, que Cristo
operou a Salvação para todos os homens, e não somente para uma "categoria de privilegiados".
Na próxima edição aprofundaremos o tema em questão. Por hoje nosso tempo já acabou.
Semana que vem tem mais, se Deus quiser.