Líder Guarani morre atropelado após retornar da Rio +20
Londres (RV) – “Um dos mais respeitados interlocutores dos Guarani”. Assim
começa a nota divulgada pela ONG Survival International que anuncia a recente (01/07)
morte por atropelamento de José de Almeida Barbosa.
Zezinho, como era mais
conhecido, tinha 49 anos e recém tornara da Rio +20. Ele tinha saído de bicicleta
da comunidade Laranjeira Ñanderu (MS) em direção à cidade de Rio Brilhante para solicitar
às autoridades – pela milésima vez – um ônibus escolar para as crianças guarani, quando
foi atropelado.
Aty Guaçu, a Organização dos Guarani, declarou que “Zezinho
morreu combatendo na luta pela terra e pela justiça”.
A declaração ainda relembra
as palavras de Zezinho, proferidas em muitas assembleias Guarani: “Luto para recuperar
Laranjeira Ñanderu, a nossa antiga tekoha (terra ancestral) e por nossos filhos. Morrerei
por essas lutas. Mas estarei na batalha até a morte”.
A morte de Zezinho reitera
mais uma vez os graves perigos aos quais estão submetidos muitos Guarani que vivem
em acampamentos às margens de rodovias. Nos últimos anos, já são três os Guarani de
Laranjeira Ñanderu que morreram de forma semelhante.
Confronto
Os
Guarani de Laranjeira Ñanderu passaram anos acampados às margens da estrada próxima
às suas terras ancestrais, há décadas ocupada por pecuaristas. Após tantas lutas para
reconquistar as terras, em 2011 finalmente conseguiram reaver uma pequena parte. Em
janeiro deste ano foi emitida uma ordem de despejo que depois foi revogada por um
juiz. A decisão permite que os Guarani permaneçam acampados enquanto sejam feitos
estudos antropológicos para determinar as dimensões de seu território.