2012-07-11 13:43:17

Dom Eugênio: um missionário de Deus


Juiz de Fora (RV*) - Uma lembrança agradável que fica de nosso ministério foi saborear as sábias palavras de Dom Eugênio Salles quando ele transmitia sua mensagem evangélica nas manhãs de domingo, pela televisão.

Ele foi sempre como aquelas raras pessoas abençoadas, que nasceram com uma missão definida e abraçaram com amor os desígnios de Deus.

Nasceu em Acari, Rio Grande do Norte, em 8 de novembro de 1920 e ingressou no seminário em 1936. Concluiu o curso de Humanidades e, logo após, continuou seus estudos no Seminário Maior da Prainha, em Fortaleza. Sua ordenação diaconal se deu em 16/03/1943 e, em 21/11/43, ordenou-se sacerdote, na Catedral de Nossa Senhora da Apresentação, em Natal.

Foi coadjutor da Paróquia de Nova Cruz e capelão do Colégio Nossa Senhora do Carmo.
Em 1944, foi designado capelão do Colégio Marista de Natal e Diretor e Professor do Seminário São Pedro.

Em 1954, aos 33 anos, foi nomeado, pelo Papa Pio XII, bispo auxiliar de Natal; em 06/01/62, tornou-se Administrador Apostólico de Natal.

Em 21/10/1968, foi nomeado Arcebispo de Salvador e, em 29/03/69, o Papa Paulo VI o nomeou para o Colégio Cardinalício, nomeando-o, posteriormente, em 10/03/71, Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Durante a ditadura militar, permaneceu em silêncio, abrigando mais de quatro mil pessoas perseguidas pelos regimes totalitários do Cone Sul. Deu-lhes ajuda financeira para gastos pessoais, assistência médica e jurídica.

Em 67 anos dedicados à Igreja, ele foi rotulado tanto como conservador quanto como "bispo vermelho", por ajudar na criação de sindicatos rurais.

Na verdade, Dom Eugênio foi um apóstolo sem fronteiras. Não tinha bandeira política a não ser o amor pela humanidade, seguindo sempre Cristo, seu Mestre de todas as horas.

Eu mesmo participei de todos os cursos de bispos promovidos pelo Cardeal Sales no Sumaré, a cada início de ano. Foi num destes cursos que tive a alegria de almoçar com o Cardeal Joseph Ratzinger.

Fisicamente, perdemos, sim, uma figura importante tanto no cenário religioso como no cenário nacional, mas seu exemplo, suas lições, suas palavras ficam sempre em nossos ouvidos e em nossos corações, impulsionando-nos a agir bravamente em favor da justiça e da paz.

Eu devo, pessoalmente, muitas finezas ao querido amigo Cardeal Sales, a quem irei homenagear amanhã em suas exéquias. Foram 91 anos de fidelidade ao projeto de Deus. Que ele interceda por nós junto ao Pai. RIP.

*Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)







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