Tóquio
(RV) - Amigos e amigas que ouvem o Programa Brasileiro, transmitido pela Rádio
Vaticano, recebam uma saudação fraterna.
Viajando por diversas partes do mundo,
tive a oportunidade de experimentar várias comidas estranhas, nojentas e de aparência
repugnante para nossos paladares e olhos de visitantes ou migrantes, mas normais e
muito apreciadas pelos cidadãos locais. Aos poucos fui descobrindo que ingerir ou
não certas comidas depende mais da ideia ou filosofia associada ao ato de comer. Percebi
que em muitas culturas,quando se trata de comida, privilegia-se o paladar e sabor
convidativos bem mais do que o sustento correto do corpo e que, em outras, tem mais
importância a opção por alimentos saudáveis.
Se tomarmos em conta como definição
de que Arte Culinária é uma forma de tornar comestível alguma coisa que não o é
ou dar sabor ao que não tem , usando a interferência da tecnologia industrial, percebemos
que tal arte pode estar intimamente associada a um aumento de consumo de certas comidas
para visar primordialmente, mais o lucro do que a saúde dos consumidores. Os Japoneses
são mundialmente reconhecidos pela sua longevidade, especialmente os habitantes do
Arquipélago de Okinawa. Existe muita unanimidade em atribuir esse fato à comida saudável,
natural, sem a interferência da tecnologia industrial na alimentação, muito apreciada
pelos okinawanos.
Graças à introdução do Budismo, religião avessa à matança
de animais,os japoneses passaram a buscar alternativas de poder nutritivo. A soja
se transformou numa excelente fonte de alimentos. Podemos destacar dois: o tofu e
o natto.
O tofu é o queijo de soja, encontrado em grande variedade nos supermercados,
riquíssimo em proteínas, comido com molho de soja, usado em sopas e no preparo de
muitos pratos à base de peixe. Outro item importantíssimo, especialmente no desjejum
dos japoneses é o natto que vai bem com o arroz ou comido com cebolinha picada. São
grãos de soja, parcialmente fermentados, que provocam reações que vão do “delicioso”
ao “detestável”, mesmo entre os japoneses. O aroma e a consistência não são nada atraentes
e para estrangeiros pode ser uma prova de fogo. Muitos só conseguem comer natto quando
é inserido no sushi, misturado à mostarda ou como aperitivo acompanhado por cerveja
ou saquê. É rico em proteínas e bom para a saúde.
No Japão há também o wasabi,
plantinha de cuja raiz amassada e esfarelada, se produz um tempero forte que chega
a tirar a respiração e dar prurido na garganta, especialmente para os “marinheiros
de primeira viagem”. Contudo ele é ótimo para evitar que os alimentos ingeridos em
estado natural, como o peixe cru, apodreçam no aparelho digestivo das pessoas. É antibiótico
e contém grande quantidade de vitaminas.
Chego à conclusão de que as pessoas
que só comem o que satisfaz o paladar podem estar perdendo a oportunidade de de ter
uma vida longa e saudável.
Missionário Pe. Olmes Milani CS Do
Japão para a Rádio Vaticano