Romper o silencio sobre os sofrimentos dos africanos no Sinai
“Heroínas silenciosas”. Assim o Papa Bento XVI definia as mulheres no encontro com
os Movimentos Católicos Femininos em Angola em 2009.
A irmã Azezet Kidane,
comboniana eritreia, é uma dessas heroínas. Mas quer romper o silêncio, não em relação
à sua corajosa obra a favor de jovens africanos, vítimas do tráfico humano no deserto
do Sinai, mas sobre esse tráfico mesmo, que ela não hesita em comparar com o Tráfico
Negreiro dos séculos passados, sobre o qual reinou, por muito tempo, o silêncio.
Por
esta sua acção, a irmã Azezet foi reconhecida como “Heroína” pelo Departamento de
Estado dos Estados Unidos que se ocupa do tráfico humano. Foi a 19 de Junho passado.
Este reconhecimento foi-lhe entregue directamente pela Secretária de Estado, Hillary
Clinton.
Que significado e impacto pode ter este acto simbólico sobre a causa
em que esta religiosa está plenamente empenhada?
Ao responder a esta pergunta
em “Afrofonia”, esta enfermeira da Clínica MEDU de Tel Aviv, conta o drama destes
jovens africanos que procuram chegar a Israel para pedir asilo e poder trabalhar,
mas que são retidos no deserto da península do Sinai, onde são torturados até à morte
para obrigar os seus parentes e amigos a pagar somas exorbitantes para um seu hipotético
resgate.
Provêm de várias parte da África, mas a maior parte desses jovens
são sudaneses, somalis, eritreus, etíopes… A questão não poderá, portanto, passar
despercebida à Diáspora etíope no mundo, que se reunirá em Roma nos dias 28 e 29 deste
mês – assegura Tibebe Tadesse Desta, Presidente da Associação “Motherland” com sede
na Província italiana de Udine, e que faz preceder este encontro dum “Giro da Itália”,
em bicicleta, dos etíopes da península italiana com o objectivo de recolher fundos
a favor da comunidade “Debre Zeit” dos arredores de Adis-Abeba.