A um ano da independência do Sul Sudão, mensagem conjunta do Arcebispo católico e
do Primaz Anglicano
(09/07/2012) A 9 de Julho de 2011, o Sul Sudão tornou-se oficialmente o 54° Estado
africano, proclamando a própria independência do governo de Kartum. Passado um ano,
o arcebispo católico de Juba, D. Paulino Lukudu Loro, e o Primaz anglicano do Sudão,
Rev.do Daniel Deng Bul, difundiram uma mensagem conjunta aos cidadãos, onde recordam,
antes de mais, os passos já dados pela jovem nação em 365 dias de independência: construção
das estradas, ampliação da rede das telecomunicações, abertura de diversas embaixadas
no mundo”, o nascente sentido de orgulho e de identidade nacional”. “Como nação, portanto
- lê-se na mensagem - governo, igreja e cidadãos podem estar seguros de tudo isso”.
Ao mesmo tempo, porém, não faltam críticas: corrupção, conflitos étnicos, carência
de serviços básicos (nomeadamente no campo da saúde, educação, água), falta de segurança,
menor função confiada à Igreja na elaboração de uma nova Constituição.
Monsenhor
Lukudu Loro e o Reverendo Deng Bul acusam também “a deterioração, a um nível inaceitável”
das relações entre os governos de Juba e Cartum. A guerra não é “uma opção para resolver
os conflitos”. Convidam portanto a enfrentar a questão do aumento do preço dos bens
essenciais e da exploração do petróleo “recurso dado por Deus e que deveria trazer
benefícios a ambos os países”. A Igreja católica e a anglicana centram-se, em seguida,
no principio da dignidade humana, “dada por Deus e não derivante do lugar de nascimento”
e com base na qual se pede para pôr cobro “às expulsões de sul sudaneses do Sudão
e aos raptos de cidadãos de Juba, por obra de grupos armados”. “Dirigimo-nos aos nossos
irmãos e irmãs - lê-se ainda na mensagem - para que não levantem as armas contra os
seus concidadãos, mas que trabalhem unidos para a democratização dos respectivos países”.
Daqui, a forte exortação a Juba e Cartum para que apliquem a resolução 2046 da ONU,
aprovada a 2 de Maio último, e que pede aos dois países para cessarem imediatamente
os confrontos armados, retirando as próprias tropas e confinando-as dentro das fronteiras
das respectivas nações e reactivando as negociações de paz. Insistem, além disso,
que “a Igreja se identifica sobretudo com os pobres e oprimidos de todos os credos,
etnias e nações, independentemente de onde se encontrem”.
O representante
católico e o seu homólogo anglicano deploraram os ataques contra algumas instituições
religiosas levados a cabo por motivos da diversidade de fé, de etnia e de cultura.
Ao mesmo tempo, a mensagem conjunta exprime a amargura por causa da continuação das
guerras civis nas zonas de Darfur, dos Montes Nuba e do Nilo Azul”. “Não existe uma
solução militar - escrevem Monsenhor Lukudu Loro e o Rev.do Bul: pedimos, portanto,
às partes envolvidas para activar negociações significativas e apelamos a que haja
um acesso humanitário internacional e imediato, nessas regiões”. Por fim, é cheia
de esperança, a última parte da mensagem, na qual os signatários fazem votos de que
“o primeiro aniversário da independência do Sul Sudão seja uma oportunidade para o
governo, a Igreja e a população do país”, a fim de que se possa realizar o sonho de
“duas nações democráticas e livres, nas quais pessoas de todas as religiões, etnias,
culturas e línguas usufruam dos mesmos direitos humanos. Duas nações em paz, uma com
a outra, que usam juntas, e do melhor modo, os recursos dados por Deus. Dois países
que vivem lado a lado na solidariedade e no respeito recíproco, que celebram a sua
história comum e que esquecem os erros cometidos no passado”. Por seu lado, a Igreja
insiste no próprio empenho “na promoção da paz a todos os níveis, através dos valores
do Evangelho”. “A Igreja restará unida ao de cima das duas nações”, lê-se ainda no
texto, e olhará para as diversidades culturais “como uma força para o desenvolvimento
e para uma coexistência harmoniosa”. Por isso, católicos e anglicanos assumem “a responsabilidade
recíproca de garantir que a nova República do Sul Sudão seja construída sobre sólidos
alicerces da igualdade, da dignidade do homem, dos direitos humanos e da justiça”.