Atividades do IOR são apresentadas a significativo grupo de jornalistas
Cidade do Vaticano (RV) - Oferecer uma informação adequada sobre a natureza,
os objetivos, a organização, os serviços, a situação atual e os novos procedimentos
de fiscalização para uma gestão correta: essa foi a finalidade do encontro organizado
na manhã desta quinta-feira na Sala das Conferências do Instituto para as Obras de
Religião (IOR), no Vaticano, para a qual foram convidados cerca de cinquenta jornalistas.
A
conferência principal foi feita pelo Diretor-Geral do Instituto, comendador Paolo
Cipriani. Após o encontro teve lugar uma visita às dependências onde se realiza a
atividade do Instituto.
De fato, maior transparência não somente na gestão,
mas também no modo de fazer comunicação: este é o sentido do convite – o primeiro
em absoluto – dirigido ao significativo grupo de jornalistas a conhecer mais de perto
e detalhadamente como funciona o IOR: um dos temas ligados ao Vaticano que não raramente
atrai a atenção de órgãos de informação e muitas vezes suscetível a notícias inexatas.
Foi
o que explicou o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, precisando
que a iniciativa quer ser mais um ponto de partida do que de chegada para oferecer
um conhecimento básico comum aos agentes dos meios de comunicação.
Em seguida,
o Diretor-Geral do IOR, Paulo Cipriani, tomou a palavra fazendo uma ampla apresentação
sobre a vida do Instituto e, sucessivamente, respondendo às perguntas dos jornalistas.
Em
primeiro lugar, Cipriani ilustrou a missão do IOR, ou seja, custodiar e administrar
os bens móveis e imóveis confiados pelos clientes, os bens destinados às obras de
religião e de caridade, bem como cuidar dos interesses afins da Igreja Católica e
principalmente do Papa.
E precisou: não é exato referir-se ao IOR como um banco.
Trata-se de um Instituto financeiro. De fato, não tem fins de lucro, os investimentos
não são de caráter especulativo, mas de manutenção. Os outros bancos não podem abrir
contas no Instituto.
Durante o encontro foram oferecidas algumas cifras: o
Instituto tem 112 funcionários, 6 dos quais são dirigentes; 33 mil contas abertas,
6 bilhões de euros de patrimônio. O IOR fornece serviços de suporte a entidades de
mais de 150 países e não dispõe de filiais no exterior. 77% dos clientes são de referência
geográfica européia e 60% do dinheiro administrado tem como moeda o euro.
Os
clientes são admitidos segundo critérios rigorosos: são, por exemplo, os dicastérios,
as nunciaturas apostólicas, as congregações religiosas, as paróquias e as dioceses,
as embaixadas junto à Santa Sé, bem como sacerdotes e funcionários leigos do Vaticano.
Outro
elemento de esclarecimento: no IOR não existem contas cifradas nem anônimas e recentemente
não houve saída de capitais. O Instituto não tem relações com bancos ou países off
Shore.
Existe uma pequena reserva áurea no Banco Central dos EUA, em Nova
York, acrescentou Cipriani – respondendo a uma pergunta –, já os investimentos não
superam 5% do patrimônio e são de baixo rendimento, vez que estão voltados para a
proteção do capital e não para a geração de lucros.
Boa parte da apresentação
de Cipriani foi dedicada à adequação do IOR às novas regras internacionais de fiscalização
contra a lavagem de dinheiro. Por isso foram predispostas novas normativas que impõem
precisas atividades de fiscalização como a lei 127 de dezembro de 2010 e a lei 166
de abril de 2012. Desde 2009 a Santa Sé aderiu à normativa européia em matéria de
combate à lavagem de dinheiro.
O governança interna do Instituto prevê a Comissão
cardinalícia, o Conselho de Superintendência que elabora as estratégias a longo e
a médio prazos, um prelado – neste momento vacante, anel de conjunção entre Comissão
e Conselho –, e a direção-geral responsável pelas atividades operacionais.
No
âmbito da fiscalização interna, o Instituto conta, dentre outros, com o colégio dos
Revisores. Externamente, desde 1º de abril de 2011 encontra-se operativa a AIF, Autoridade
de Informação Financeira da Santa Sé.
O Diretor-Geral concluiu reiterando que
o Instituto mais do que qualquer banco comercial se ateve às obrigações éticas, em
função de sua missão e também da necessidade de proteger a imagem da própria Igreja
Católica. (RL)