Identidade, Mística e Missão: encerrado Encontro da Vida Monástica e Contemplativa
Aparecida (RV) – Os participantes do Encontro Nacional da Vida Monástica e
Contemplativa divulgaram sua Mensagem Final, sobre o tema “Identidade, Mística e Missão”.
O
evento se realizou na cidade de Aparecida, de 16 a 19 de junho, com a participação
também do Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades
de Vida Apostólica, Card. João Braz de Aviz.
No texto da Mensagem, os consagrados
afirmam que são desafiados no cotidiano pelas consequências da mudança de época em
que nos encontramos. Isso faz com que os critérios de compreensão, os valores mais
profundos, entrem em crise.
“Sentimos tal realidade influenciando e desafiando
nossa forma de vida. Desejamos, portanto, que nosso testemunho discreto e simples
de amor vivido em todas as suas manifestações, possa ser resposta oferecida por nossas
comunidades religiosas ao mundo.”
Leia a Mensagem na íntegra:
Mensagem
Final do Encontro Nacional da Vida Monástica e Contemplativa Aparecida (SP), 16-19
de junho de 2012
“Identidade, Mística e Missão” Nossa pátria é o céu (Fl
3,20)
1. Reunidos em Aparecida, lugar privilegiado da manifestação da fé do
povo brasileiro, e onde se pode sentir mais de perto a maternidade carinhosa de Maria,
por iniciativa da Conferência dos Religiosos do Brasil e da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil, com o incentivo e aprovação da Congregação para os Institutos de
Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, acolhidos calorosamente pela Igreja
Local, expressamos nossa alegria e gratidão por esta oportunidade de comunhão e convívio
fraterno, reflexão e partilha de experiências, oração e celebração, que nos foram
proporcionados. Vemos em tudo isto a solicitude da Igreja para com nossas famílias
religiosas.
2. Com o tema “identidade, mística e missão” e o lema “nossa pátria
é o céu” (Fl 3,20), procuramos aprofundar a compreensão de que somos consagrados para
responder ao olhar de amor do Senhor por todos nós: “não fostes vós que me escolhestes,
fui eu que vos escolhi” (Jo 15,16). Somos gratos pelo chamado para a vida monástica
e contemplativa, partilhado também por leigos que vivenciam nosso carisma na realidade
secular. Reconhecemos que nossa fidelidade a Jesus exige sempre e de novo decisão
e empenho, dimensões que marcam o povo de Deus que caminha na história, buscando corresponder
à vida de cidadãos do céu (cf. Fl 3,20).
3. Empenhamo-nos por aprofundar a
compreensão de nossa vocação particular na Igreja, nossa identidade, mística e missão;
o sentido de pertença e fidelidade criativa à Tradição de nossas famílias religiosas,
a conservação do próprio patrimônio espiritual, a comunhão como possibilidade de experiência
real do amor vivido e sua celebração diária na liturgia; a dimensão comunitária da
experiência de fé, a corresponsabilidade no que diz respeito ao “único necessário”
(Lc 10,42), cientes de que “nossa pátria é o céu” (Fl 3,20). Desejamos conservar,
alimentar e aprofundar o amor, a fidelidade e a devoção filial à Igreja, ao sucessor
de Pedro, em comunhão com a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Possamos, com a graça de Deus, receber a força
de tornar visível pelo amor fraterno, a unidade da comunhão trinitária que nos abraça
e abençoa. Reconhecemos humildemente a presença entre nós de atitudes contrárias às
exigências do seguimento radical de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Fl 3, 18-19). Mas
também temos a certeza de que Deus escolhe instrumentos frágeis para testemunhar no
mundo seu amor (cf. 1Cor 1, 27-28), e acreditamos que Sua misericórdia é grande (1Pd
1,3).
4. Somos desafiados no cotidiano pelas consequências da mudança de época
em que nos encontramos. Isso faz com que os critérios de compreensão, os valores mais
profundos, a partir dos quais se afirmam identidades e se estabelecem ações e relações
entrem em crise. Sentimos tal realidade influenciando e desafiando nossa forma de
vida. Desejamos, portanto, que nosso testemunho discreto e simples de amor vivido
em todas as suas manifestações, possa ser resposta oferecida por nossas comunidades
religiosas ao mundo. Em especial, com a Igreja, através da participação em seu mistério
pascal e da ascese e da solicitude orante pela humanidade, suas necessidades e intenções,
acolhendo as angústias e dores, as alegrias e esperanças dos homens e mulheres de
nosso tempo.
5. Confiamos na força do amor (cf. Ct 8,6). Por isso, “com os
olhos fixos em Jesus” (Hb 12,1), vislumbramos um futuro mais harmonioso nas relações
entre hierarquia e carisma, dimensões constitutivas da Igreja. Incentivamos uma pedagogia
de mútua apreciação, desde os seminários e casas de formação, até a criação de espaços
de autêntico diálogo e mútua colaboração.
6. Renovamos nosso compromisso em
testemunhar alegremente no silêncio da vida a força da fidelidade a nossos carismas.
Por isso, entre expressões antigas e novas de vida monástica e contemplativa, assumimos
o desafio de dar continuidade à experiência da gratuidade do amor e da comunhão entre
nós e nossas famílias religiosas, vivida nestes dias em Aparecida. Propomo-nos favorecer
e fomentar o caminho aqui iniciado, sob as bênçãos da Senhora Aparecida, pois, reconhecemos
que da Igreja recebemos a fé e a consagração; e nela, com gratidão e alegria, nos
consagramos ao Senhor sem reserva, característica dos adoradores que o Pai procura.