Cidade do Vaticano (RV) - “Morrer de Esperança”: este é o paradoxal título
da vigília de oração organizada em Roma por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, lembrado
em 20 de junho, principalmente por associações comprometidas em campo. Oração em memória
de quem morreu em meio às dramáticas viagens para fugir de perseguições, das violações
dos direitos humanos, da fome…de tantos, de muitos países ao redor do planeta.
Morre-se
asfixiado nos caminhões, morre-se de sede e de fome ao atravessar os desertos, morre-se
em ataques de saqueadores, morre-se ao atravessar rios e montanhas, morre-se tentando
atravessar mares espremidos em embarcações das menores e mais inseguras que existem.
Fala-se de 20 mil mortos nos últimos anos nas travessias em direção à Europa e de
quase 3 mil no último ano – nas travessias do Mediterrâneo em direção à Itália.
Mas
as fugas não são somente em direção aos países mais ricos. Nos últimos meses, mais
de 70 mil pessoas se refugiaram no campo de Mberra, na Mauritânia, fugidas do Mali
onde a guerra civil é implacável. E em quantas partes da África os conflitos fizeram
surgir imensos campos de refugiados?
Cada uma das histórias destas pessoas
é mais desconcertante que a outra. Do campo de Mberra chegaram notícias de três jovens
mulheres com filhos, cujos maridos desapareceram no conflito, indefesas e vulneráveis,
que acabaram sendo vítimas de abusos sexuais…mas quantas outras, quantos outros? Além
disso, como e de onde recomeçar quando não se há mais nada – nem mesmo as raízes?
Além de abrigo e alimento, também é preciso escutar, compreender, acolher
humana e espiritualmente, reconstruir o mínimo de confiança para que a esperança possa
voltar a resplandecer na vida dessas pessoas.