Rio de Janeiro (RV) - A Conferência dos Bispos da Alemanha, por meio da organização
de solidariedade entre o povo alemão e os povos da América La tina e Caribe, a "Adveniat",
enviou carta à Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, apresentando preocupações em
relação à discussão da Conferência da ONU Rio +20, à execução do PAC e a violência
no campo.
"Através da situação de nossos parceiros, Adveniat se faz presente
de modo particular no meio das populações em situação de risco nos diversos países
da América", fundamenta a Adveniat. E, por causa disso, pondera: "o compromisso com
o evangelho nos pede para acompanhar atentamente e permanentemente os impactos sociais
e ambientais causados pelas decisões políticas e econômicas".
Dom Bernd Klaschka,
o diretor da Adveniat que assina a carta, lembra à presidente que "os parceiros da
Adveniat no seu país testemunham que o Brasil tem desempenhado um papel ambíguo no
que se refere à proteção ambiental, e que o discurso para fora não coincide com a
realidade vivida". E constata: "fato é que a primarização da economia, voltada a produtos
agrícolas e minérios, tem ameaçado de forma explícita a região amazônica e os povos
que lá vivem".
A Adveniat considera que a implementação do Programa de Aceleração
do Crescimento carece de diálogo com a sociedade civil e dá o exemplo da construção
da usina de Belo Monte como prova dessa situação: "revela que se busca o desenvolvimento
a todo custo, desconhecendo as questões éticas, de justiça social e as vontades das
comunidades tradicionais, quilombolas e ribeirinhas".
A carta traz a preocupação
da Adveniat em relação ao que está se discutindo na Rio+20 considerando que podem
não estar questionando o atual modelo de desenvolvimento enquanto "pintam" uma imagem
de que as nações têm preocupação ambiental. E exemplifica com o caso brasileiro: "no
caso do Brasil, o Código Florestal, na avaliação de nossas entidades parceiras, é
o pior possível e os vetos não interferem na sua índole, pois são superficiais". (CM)