Nova Evangelização e Redemptoris missio – a missão de Cristo Redentor
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, mais uma vez estamos de volta ao nosso encontro
semanal dedicado à nova evangelização. Na edição passada iniciamos nossa revisitação
à Redemptoris missio, Carta encíclica de João Paulo II sobre a validade permanente
do mandato missionário, publicada em 7 de dezembro de 1990.
Nossa revisitação
a alguns documentos magisteriais pertinentes à ação evangelizadora da Igreja se insere
como iniciativa de preparação para a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos
Bispos de outubro próximo, Sínodo este cuja edição terá como tema "A nova evangelização
para a transmissão da fé cristã".
Não se trata apenas de uma revisitação, mas
de colher novamente aqueles elementos basilares presentes em nossa rica tradição magisterial
dos quais partir para uma reflexão, debate e discussão a que são chamados os padres
sinodais. De fato, a partir deles e à luz das situações novas que se nos apresentam,
os padres sinodais devem buscar responder à urgência de uma nova evangelização – questão
prioritária para a Igreja em nossos dias.
Ao apresentarmos brevemente a encíclica,
dissemos, na edição passada, que com ela João Paulo II quis convidar toda a Igreja
a renovar o seu empenho missionário. Detivemo-nos, por razão de tempo, ao nº 1 do
documento magisterial.
Na edição de hoje retomamos a Redemptoris missio
trazendo o nº 2. Nele, o Papa Wojtyla destaca, dentre outros, que a missão compete
a todos os cristãos e que a grave crise da espiritualidade missionária é sinal de
crise da própria fé, apresentando-nos, em seguida, motivos e finalidades de sua encíclica.
Diz o texto no nº 2:
2. "Já são muitos os frutos missionários do Concílio:
multiplicaram-se as Igrejas locais, dotadas do seu bispo, clero e agentes apostólicos
próprios; verifica-se uma inserção mais profunda das Comunidades cristãs na vida dos
povos; a comunhão entre as Igrejas contribui para um vivo intercambio de bens e dons
espirituais; o empenhamento dos leigos no serviço da evangelização está mudando a
vida eclesial; as Igrejas particulares abrem-se ao encontro, ao diálogo e à colaboração
com os membros de outras Igrejas cristãs e outras religiões. Sobretudo está-se a afirmar
uma nova consciência, isto é, a de que a missão compete a todos os cristãos, a todas
as dioceses e paróquias, instituições e associações eclesiais. No entanto, nesta
« nova primavera » do cristianismo não podemos ocultar uma tendência negativa, que,
aliás, este Documento quer ajudar a superar: a missão específica ad gentes parece
estar numa fase de afrouxamento, contra todas as indicações do Concílio e do Magistério
posterior. Dificuldades internas e externas enfraqueceram o dinamismo missionário
da Igreja ao serviço dos não-cristãos: isto é um fato que deve preocupar todos os
que creem em Cristo. Na História da Igreja, com efeito, o impulso missionário sempre
foi um sinal de vitalidade, tal como a sua diminuição constitui um sinal de crise
de fé. À distancia de vinte e cinco anos da conclusão do Concílio e da publicação
do Decreto sobre a atividade missionária Ad gentes, a quinze anos da Exortação Apostólica
Evangelii Nuntiandi de Paulo VI, de veneranda memória, desejo convidar a Igreja a
um renovado empenhamento missionário, dando, neste assunto, continuação ao Magistério
dos meus predecessores. O presente Documento tem uma finalidade interna: a renovação
da fé e da vida cristã. De fato, a missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade,
dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece! A nova
evangelização dos povos cristãos também encontrará inspiração e apoio, no empenho
pela missão universal. Mas o que me anima mais a proclamar a urgência da evangelização
missionária é que ela constitui o primeiro serviço que a Igreja pode prestar ao homem
e à humanidade inteira, no mundo de hoje, que, apesar de conhecer realizações maravilhosas,
parece ter perdido o sentido último das coisas e da sua própria existência. « Cristo
Redentor — como deixei escrito na primeira Encíclica — revela plenamente o homem a
si próprio. O homem que a si mesmo se quiser compreender profundamente (.. ) deve
aproximar-se de Cristo (...) A Redenção, operada na cruz, restituiu definitivamente
ao homem a dignidade e o sentido da sua existência no mundo ». Não faltam certamente
outros motivos e finalidades: corresponder a inúmeros pedidos de um documento deste
gênero; dissipar dúvidas e ambiguidades sobre a missão ad gentes, confirmando no seu
compromisso os beneméritos homens e mulheres que se dedicam à atividade missionária
e todos quantos os ajudam; promover as vocações missionárias; estimular os teólogos
a aprofundar e expor sistematicamente os vários aspectos da missão; relançar a missão,
em sentido específico, comprometendo as Igrejas particulares, especialmente as de
recente formação, a mandarem e a receberem missionários; garantir aos não cristãos,
e particularmente às Autoridades dos Países aos quais se dirige a atividade missionária,
que esta só tem uma finalidade, ou seja, servir o homem, revelando-lhe o amor de Deus
manifestado em Cristo Jesus."
Amigo ouvinte, semana que vem destacaremos alguns
pontos do texto e prosseguiremos nossa revisitação. A você, um forte abraço e até
lá, se Deus quiser! (RL)