Na Rio+20, Santa Sé reitera centralidade do ser humano. Fala o representante do Papa,
Cardeal Odilo Scherer
Rio
de Janeiro (RV) - O Cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, legado
pontifício e chefe da Delegação da Santa Sé para a Conferência da Rio+20, participa
a partir de quarta-feira, 20, do Alto Segmento da Cúpula, que reúne chefes de Estado
de todo o mundo.
Em entrevista à RV, Dom Odilo fala sobre sua responsabilidade
de representar o Pontífice neste evento:
“A minha é uma grande honra, poder
representar o Santo Padre e integrar a delegação da Santa Sé na Conferência Rio+20.
A minha expectativa é que aqui se possam estabelecer novos parâmetros para o desenvolvimento
econômico, que deve ser sustentável do ponto de vista da economia, das relações do
homem com a natureza, do impacto que o desenvolvimento econômico produz sobre os recursos
naturais. De maneira que nós possamos assegurar, para o presente e o futuro, as condições
de vida não só para o homem, mas para os outros seres da terra, nosso planeta".
Os
tópicos abordados como objetivos desta Conferência coincidem com as prioridades defendidas
pela Igreja Católica...
"De fato, são estas no fundo, as grandes questões
postas, embora haja muitas outras questões laterais que o mundo gostaria de abordar,
aproveitando que se trata de um grande palco onde o mundo inteiro está olhando, e
por isso, todos tentam apresentar suas causas, colocá-las em evidência. Mas o que
estamos tentamos tentando aqui é ver como se pode continuar a fazer o desenvolvimento
econômico, sobretudo dos países mais pobres, e assegurar, ao mesmo tempo, a sustentabilidade:
que a natureza continue a ser propícia e não esteja sendo estragada, depredada, em
vista de um desenvolvimento econômico sempre mais agressivo em relação à natureza".
Isto
tudo sempre levando em consideração que o homem está no centro de tudo...
"Esta
sim, é a posição da Igreja apresentada aqui e defendida muito firmemente pela Santa
Sé. Isto não é novo, porque já está dentro dos documentos do magistério da Igreja,
inclusive de maneira muito explicita na última Encíclica do Papa Bento XVI, a Caritas
in Vertate, quando fala que o desenvolvimento econômico, a questão da sustentabilidade
da natureza, e assim por diante, deve ter sempre como centro e referência o homem,
porque o homem pode ser o cuidador ou o estragador da natureza. No fundo, a questão
ambiental é uma questão moral, uma questão ética". (CM)