Semiárido nordestino, exemplo de desenvolvimento sustentável. Ouça!
Rio de Janeiro (RV) – A aprovação do rascunho final do documento da Conferência
da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) foi adiada para esta terça-feira,
segundo anunciou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota.
A
plenária para a votação foi marcada para as 10h30 e se for aprovada, a declaração
vai para os chefes de Estado, que se reúnem na cidade a partir desta quarta-feira.
A
União Europeia é a principal delegação a demonstrar seu descontentamento com o documento
proposto pelo Brasil. Para os europeus, falta "substância" ao texto e só seria possível
avançar em pontos de discordância na esfera ministerial.
Eles resistem ainda
a aceitar as propostas de alocação de mais recursos de financiamento e a definir,
em detalhes, metas e compromissos para todas as nações para os próximos anos.
Enquanto
isso, prosseguem os eventos paralelos organizados por ocasião da Rio+20. Nesta segunda-feira,
os membros da Cáritas Internacional se encontraram no Auditório do Edifício João Paulo
II, para refletirem sobre as questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável,
tendo como foco o desenvolvimento solidário.
O membro da Coordenação Nacional
da Cáritas Brasileira, Ademar Bertucci, explicou que, apesar do tema central da Rio+20
estar relacionado à questão da economia verde, esse não é o ponto fundamental da Cáritas:
a perspectiva econômica de mercado não pode sobressair à perspectiva da pessoa humana.
Na
prática, como aplicar o conceito de desenvolvimento sustentável? Vamos conhecer um
projeto realizado no nordeste brasileiro, que é a convivência com o semiárido. Quem
explica é a Diretora-Executiva da Cáritas Brasileira, Maria Cristina dos Anjos:
Uma grande
ação da Cáritas no Brasil é relacionada à convivência com o semiárido. Durante muitas
décadas, o Brasil tratava a região do semiárido, principalmente a região Nordeste,
numa perspectiva de combate à seca, e há uns 10-15 anos no máximo, a Cáritas e outras
organizações no Brasil vêm apostando em experiências de convivência, de fazer com
que as pessoas percebam que é possível conviver naquele semiárido, que é possível
captar água de chuvas, que é possível criar pequenos animais resistentes àquela região,
que é possível produzir e ter sementes que crescem naquela região, e isso fez com
que o Brasil olhasse para a região semiárida de outra maneira. Hoje, ninguém fala
mais de combate à seca, e essa foi uma experiência construída pelas organizações.
O governo assumiu essa proposta, investindo recursos principalmente na construção
de cisternas para a captação de água da chuva. Mais uma proposta que saiu das experiências
das organizações, e a Cáritas foi uma delas, que investiu muito nessa perspectiva
de pensar o semiárido não como uma região a combater, mas uma região a conviver a
partir do que é aquele bioma. (BF)