Igreja espera que Rio+20 desperte nova consciência social sobre a causa indígena
Cidade do Vaticano
(RV) – Poucos dias após o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) ter divulgado
que mais de 62 mil indígenas foram mortos em 2011 no Brasil, a Igreja Católica levará
o assunto à pauta das reuniões que precedem a Rio +20, que começa na próxima quarta-feira,
no Rio de Janeiro.
De acordo com os dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente 817 mil índios vivem no Brasil – aproximadamente
0,4% da população. Por sua vez, a Fundação Nacional do Índio (Funai) aponta que a
população indígena está distribuída em 688 terras indígenas demarcadas e em alguns
trechos urbanos. Existem ainda, de acordo com a Funai, 82 referências a grupos que
ainda não foram contatados.
Jaci de Souza, líder da comunidade indígena Raposa
Serra do Sol, em Roraima, pede atenção da presidente Dilma Rousseff à causa dos índios.
“Os
fazendeiros já mataram nossos parentes. Quando eles estavam lutando, cultivando suas
roças, chegaram os fazendeiros destruindo tudo e também matando. Gostaria de pedir
à presidente que tenha respeito com as terras indígenas. Uma vez homologadas, é preciso
retirar todos os invasores e deixar os indígenas trabalhando ali, tranquilamente.
Também gostaria de pedir à presidente que se reunisse com os indígenas para que entendesse
qual é a nossa situação hoje no Brasil, o quanto o povo indígena sofre”.
Padre
Mário Campos é um missionário português em Roraima. Ele condena a forma como os índios
são tratados e, principalmente, os casos de impunidade.
“O que nos chama a
atenção e nos entristece muito é o fato que a grande maioria dos assassinatos ficam
impunes. E isso passa uma mensagem para a sociedade “não-índia” de que matar índios
não tem problema, você não vai preso nunca”.