Nova Evangelização e a Redemptoris missio, a validade permanente do mandato
missionário
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, eis-nos de volta ao nosso encontro semanal dedicado
à nova evangelização, questão prioritária para a Igreja em nossos dias. Temos neste
espaço enfatizado mais vezes o grande evento eclesial a ser celebrado de 7 de 28 de
outubro próximo, ou seja, a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos,
ocasião na qual os padres sinodais – provenientes de todas as partes do mundo – discutirão,
debaterão e refletirão em torno do tema "A nova evangelização para a transmissão da
fé cristã".
Tal evento se configurará certamente como um momento de enriquecimento
para todos nós, do qual esperamos – com as proposições dos padres sinodais e a ulterior
exortação apostólica do Santo Padre – possa trazer indicações preciosas para a ação
evangelizadora da Igreja nos anos vindouros, com abundantes frutos pastorais.
Enquanto
isso, temos neste espaço recorrido ao rico patrimônio magisterial de que dispomos,
revisitando alguns documentos pertinentes à ação evangelizadora, textos estes dos
quais os padres sinodais certamente farão tesouro diante da necessidade de responder
ao chamado da Igreja à nova evangelização, a uma evangelização que seja "nova em seus
métodos, em suas expressões, em seu ardor missionário".
Nesse sentido, dias
atrás concluímos nossa revisitação à Evangelii Nuntiandi, do Papa Paulo VI.
À grande Exortação Apostólica pós-sinodal de 1975 – que conferiu um notável dinamismo
à ação evangelizadora da Igreja nas décadas seguintes – dedicamos uma ampla série
de edições neste espaço de formação e aprofundamento do nosso programa.
Na
edição de hoje iniciamos nossa revisitação a outro grandioso documento magisterial,
a Redemptoris missio, Carta encíclica de João Paulo II sobre a validade permanente
do mandato missionário.
Considerando o espaço de tempo de que dispomos, nesta
edição nos limitaremos a uma brevíssima apresentação do documento em questão.
A
Redemptoris missio – cujo incipit se expressa com as palavras "A MISSÃO
DE CRISTO REDENTOR" – foi publicada em 7 de dezembro de 1990, no XXV aniversário do
Decreto conciliar Ad gentes (do qual já nos ocupamos), décimo terceiro do Pontificado
de João Paulo II.
Após uma introdução, o documento magisterial se apresenta
dividido em oito capítulos, os quais aqui citamos brevemente:
Cap. I – Jesus
Cristo único Salvador Cap. II – O Reino de Deus Cap. III – O Espírito Santo
protagonista da missão Cap. IV – Os imensos horizontes da missão ad gentes Cap.
V – Os caminhos da missão Cap. VI – Os responsáveis e os agentes da pastoral missionária Cap.
VII – A cooperação na atividade missionária Cap. VIII – A espiritualidade missionária
A
encíclica se encerra com uma breve conclusão confiando à Virgem Maria a Igreja e aqueles
que se empenham na atuação do mandato missionário.
Com esta encíclica, João
Paulo II quer convidar toda a Igreja a renovar o seu empenho missionário. Já na introdução,
afirma que a grave crise da espiritualidade missionária é sinal de crise da própria
fé.
Mas vamos diretamente ao texto e vejamos com quais palavras o Papa Wojtyla
inicia e motiva a sua encíclica. Por razão de tempo hoje nos limitaremos ao nº 1 do
texto:
1. "A MISSÃO DE CRISTO REDENTOR, confiada à Igreja, está ainda bem longe
do seu pleno cumprimento. No termo do segundo milênio, após a Sua vinda, uma visão
de conjunto da humanidade mostra que tal missão está ainda no começo, e que devemos
empenhar-nos com todas as forças no seu serviço. É o Espírito que impele a anunciar
as grandes obras de Deus! « Porque se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar,
pois que me foi imposta esta obrigação: ai de mim se não evangelizar! » (1 Cor 9,
16). Em nome de toda a Igreja, sinto o dever imperioso de repetir este grito de
S. Paulo. Desde o início do meu pontificado, decidi caminhar até aos confins da terra
para manifestar esta solicitude missionária, e este contato direto com os povos, que
ignoram Cristo, convenceu-me ainda mais da urgência de tal atividade a que dedico
a presente Encíclica. O Concílio Vaticano II pretendeu renovar a vida e a atividade
da Igreja, de acordo com as necessidades do mundo contemporâneo: assim sublinhou o
seu caráter missionário, fundamentando-o dinamicamente na própria missão trinitária.
O impulso missionário pertence, pois, à natureza íntima da vida cristã, e inspira
também o ecumenismo: « que todos sejam um (...) para que o mundo creia que Tu Me enviaste»
(Jo 17,21)."
Amigo ouvinte, por hoje nosso tempo já acabou. Semana que vem
tem mais, se Deus quiser!