"Festa dos testemunhos": Bento XVI conversa com as famílias de todo o mundo
Milão (RV) – Bento XVI participou na noite deste sábado, 02, junto com milhares
de famílias de 153 países, incluindo o Brasil, da “festa dos testemunhos” que encerrou
o penúltimo dia do Encontro Mundial na cidade italiana de Milão. Pano de fundo a atual
crise econômica que investe muitos países e consequentemente as famílias. O Papa durante
o encontro marcado pela música e testemunhos, respondeu a perguntas de várias famílias.
“Na
política deve crescer o sentido da responsabilidade em todos os partidos, para que
não prometam coisas que não podem realizar”, disse o Papa, provocando uma salva de
palmas dos milhares de presentes. A intervenção de Bento XVI surgia em resposta ao
testemunho da família Paleologos, da Grécia, que falou das dificuldades sentidas na
sua pequena empresa de informática. “A nossa situação é uma entre tantos milhões,
nas cidades as pessoas andam de cabeça baixa”, constatou o pai grego que confessou
ter “cada vez menos” para oferecer à sua família.
“Este testemunho tocou o
meu coração e o coração de todos nós. Que podemos responder? As palavras são insuficientes”,
disse o Papa, em seguida. Bento XVI desejou que as famílias e as paróquias “ajudem,
no sentido concreto” os que sentem mais dificuldades e disse rezar para que exista
“criatividade” na solução das dificuldades criadas pela atual crise financeira.
Após
chegar ao Parque de Bresso, onde se realizou o evento o Papa cumprimentou uma menina
de 7 anos, Cat Tien, do Vietnã, que o interrogou sobre a sua infância. Bento XVI destacou
a “atmosfera de alegria” que se vivia na sua casa, tanto na reflexão da liturgia dominical
como nos “momentos inesquecíveis” ligados à música, com as composições do seu irmão,
Georg Ratzinger. O Pontífice, que nasceu na Alemanha, lembrou a guerra, a pobreza
e a ditadura, situações que o afetaram diretamente, superadas pela “união” entre todos
os elementos da família.
Nas suas palavras o Papa pediu ainda que os empregadores
pensem “em ajudar as famílias” a conciliar a sua atividade laboral com a vida em casa
e apelou ao respeito pelo domingo como o dia em que todos “estão livres”.
Aos
noivos Serge Razafimbony e Fara Andrianombonana, de Madagáscar, Bento XVI disse que
“o amor, por si próprio, garante o ‘sempre’” no matrimônio. “O sentimento do amor
é belo, mas deve ser purificado, seguir um caminho de discernimento”, prosseguiu.
Bento XVI falou ainda com os membros da família Rerrie, dos Estados Unidos
da América, com seis filhos, e da família Araújo, do Brasil. O Papa aludiu ao “sofrimento”
provocado pelo divórcio, também no seio da Igreja Católica, desejando que os que passam
por esta situação “sintam-se que são amados e aceitos”, ainda que não possam receber
a comunhão nas celebrações eucarísticas.
Por fim um casal brasileiro de psicoterapeutas
que trabalha com divorciados e casais em segunda união, pediu uma orientação ao Papa
sobre como ajudá-los a viver sua fé, uma vez que, por causa do seu segundo casamento,
não podem receber a comunhão. O Papa respondeu que, apesar desta dificuldade, que
traz sofrimento, é preciso estar ao lado destas pessoas. E a paróquia tem um papel
importante nisso para que estes casais possam sentir a presença de Deus em suas vidas.
Eles podem frequentar a paróquia e comungar espiritualmente para sentir Deus perto
deles. E elogiou o trabalho do casal brasileiro de psicoterapeutas.
Ainda
durante a “festa dos testemunhos” realizou-se uma conexão direta com uma das localidades
atingidas pelo recente terramoto no nordeste da Itália e uma das famílias atingidas
marcou presença no palco.
“Um mundo, uma família, um amor. O Papa em festa
com as famílias do mundo” foi o tema escolhido para o encontro da noite deste sábado,
que teve a presença de muitos artistas. (SP)