A Nova Evangelização e a família – Igreja doméstica, lugar originário de transmissão
da fé
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, voltamos ao nosso encontro semanal neste espaço
dedicado à nova evangelização. Como ressaltado mais vezes, não se trata de um modismo
em âmbito eclesial, mas de uma prioridade da Igreja em nossos tempos.
A esse
propósito, recordamos que a nova evangelização ganhou força no Pontificado de João
Paulo II, merecendo não menos atenção do atual Pontífice. De fato, Bento XVI convocou
a XIII Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos, assembléia esta que terá como tema "A
nova evangelização para a transmissão da fé cristã", a realizar-se, no Vaticano, de
7 a 28 de outubro deste ano.
"Transmitir a fé significa criar em cada lugar
e em cada tempo as condições para que o encontro entre os homens e Jesus Cristo aconteça.
A fé, como encontro com a pessoa de Cristo, tem a forma da relação com Ele, da memória
d’Ele (na Eucaristia) e do formar em nós a mentalidade de Cristo, na graça do Espírito.
(...) A própria Igreja toma forma a partir da realização desta tarefa de anunciar
o Evangelho e da transmissão da fé cristã." (Lineamenta, n. 11, documento preparatório
para o referido Sínodo)
Na reunião do 12º Conselho Ordinário da Secretaria
Geral do Sínodo dos Bispos, realizada no dia dias 16 de fevereiro passado, no Vaticano,
os cardeais e prelados participantes, ao examinarem o esboço do Instrumentum laboris
(Instrumento de trabalho) do próximo Sínodo, identificaram que a "crise da fé" atual
é, também, uma "crise de transmissão" da própria fé. Desafio que olha, sobretudo,
para a família, definida "o lugar originário da transmissão da fé", quer no que tange
ao conteúdo, quer no que diz respeito a questões práticas.
Evidentemente, sendo
a família a condição de possibilidade da evangelização, certamente, a mesma não deixará
de ter uma atenção especial nas discussões, debates e reflexões a que são chamados
os padres sinodais para o grande evento de outubro próximo sobre a nova evangelização.
De fato, não se pode pensar a nova evangelização sem pensar na família, primeira Igreja
doméstica.
Nesse sentido, também contextualizando o grande evento eclesial
destes dias, em andamento em Milão, norte da Itália, ou seja, o VII Encontro Mundial
das Famílias, queremos retomar – antes de prosseguir nossa revisitação a alguns documentos
magisteriais pertinentes à ação evangelizadora da Igreja – a Exortação Apostólica
pós-sinodal Evangelii Nuntiandi, de 1975, do Papa Paulo VI, que no capítulo
VI, ao tratar dos "obreiros da evangelização", falando sobre tarefas diversificadas,
dedica uma belíssima página ao papel evangelizador da família. Diz o texto no nº 71:
71.
"No conjunto daquilo que é o apostolado evangelizador dos leigos, não se pode deixar
de pôr em realce a ação evangelizadora da família. Nos diversos momentos da história
da Igreja, ela mereceu bem a bela designação sancionada pelo Concílio Ecumênico Vaticano
II: "Igreja doméstica".(106) Isso quer dizer que, em cada família cristã, deveriam
encontrar-se os diversos aspectos da Igreja inteira. Por outras palavras, a família,
como a Igreja, tem por dever ser um espaço onde o Evangelho é transmitido e donde
o Evangelho irradia. No seio de uma família que tem consciência desta missão, todos
os membros da mesma família evangelizam e são evangelizados. Os pais, não somente
comunicam aos filhos o Evangelho, mas podem receber deles o mesmo Evangelho profundamente
vivido. E uma família assim torna-se evangelizadora de muitas outras famílias e do
meio ambiente em que ela se insere. Mesmo as famílias surgidas de um matrimônio misto
têm o dever de anunciar Cristo à prole, na plenitude das implicações do comum batismo;
além disso, incumbe-lhes a tarefa que não é fácil, de se tornarem artífices da unidade."
E
para encerrar retomemos os Lineamenta para o referido Sínodo, que em seu número
23, dentre outros, diz o seguinte:
"Nova Evangelização não significa um “novo
Evangelho”, porque «Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre» (Hb. 13,8).
Nova evangelização significa: uma resposta adequada aos sinais dos tempos, às necessidades
dos indivíduos e dos povos de hoje, aos novos cenários que desenham a cultura através
da qual dizemos a nossa identidade e procuramos o sentido das nossas vidas. Nova evangelização,
portanto, significa promover uma cultura profundamente enraizada no Evangelho; significa
descobrir o novo homem em nós, graças ao Espírito que nos foi dado por Jesus Cristo
e pelo Pai."
Amigo ouvinte, por hoje é só. Semana que vem tem mais, se Deus
quiser! (RL)