De Milão, a crónica de Cristiane Murray, sexta à tarde. Ouça
Milão (RV) Bento VI chegou
na tarde desta sexta-feira a Milão, onde participa do VII Encontro Mundial das Famílias,
cujo tema é Família, Trabalho e Festa. Entretanto, o Congresso Teológico Pastoral
prosseguiu na parte da tarde, com palestras em várias sedes da cidade. As famílias
continuaram a participar dos eventos. A participação brasileira no Encontro é maciça:
por onde passamos em Milão, notam-se grupos de movimentos e paróquias de todo o país,
do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Casais jovens, idosos, adolescentes e crianças querem
dar o seu testemunho e compartilhar as suas experiências. O Programa Brasileiro contatou
Vera e Tico, representantes das famílias brasileiras, enviados pela Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil a este Encontro. Provenientes de Salvador, na Bahia, o casal,
unido há 38 anos, conversou conosco. Vera relata seu trabalho na Pastoral Familiar:
“A
Pastoral Familiar se preocupa muito com as famílias, no estado em que ela se encontra,
não só a família constituída como o desejo, o sonho de Deus: pai, mãe e filhos, mas
a família constituída por avós, netos, mães solteiras, pais solteiros, casais que
foram casados, se separaram e constituíram novas famílias. Estas famílias também estão
incluídas na preocupação da Pastoral Familiar, não estão excluídas da Igreja. Viúvas
e pessoas sozinhas também. A Pastoral se preocupa com toda esta gama de pessoas, para
reaproximá-las da Igreja”. “As pessoas recebem conforto. A Igreja e nós, constituídos
pelo nosso pastor maior, que é Jesus Cristo, somos também pastores para estas ovelhas
que estão desgarradas, feridas ou magoadas. Nossa finalidade é buscá-la, acolhê-la,
carregar no colo, para podermos curar suas feridas e aproximá-las da Igreja-mãe”.
Questionado sobre como aconselhar os casais e famílias com dificuldades em
manter-se unidas, Tico responde:
“Em primeiro lugar, devemos estar atentos
porque a família é um projeto, uma vocação que homens e mulheres são chamados a viver.
É uma resposta ao chamado de Deus. É preciso paciência, muita sabedoria para enfrentar
todos os revezes que a vida naturalmente nos reserva. É preciso muito amor: em primeiro
lugar a Deus, colocando-o no seio do casal, para que ele possa empreender esta caminhada,
que não é fácil. Mas se estivermos agregados a Deus, o jugo se torna muito leve e
suave, como nos ensinou o Senhor Jesus”.
Já a Diocese de Santo Amaro, em São
Paulo, tem outro tipo de atuação. Pe. Douglas, em Milão representando o bispo, Dom
Fernando Figueiredo, explica: “Em nossa diocese, em particular, a Pastoral Familiar
já existe há algum tempo, mas tem algumas dificuldades em andar. Agora estamos conseguindo
alcançar algumas bases. Nosso trabalho primordial é com os casais constituídos. Como
segunda etapa, queremos chegar aos casais de namorados, e na terceira etapa, os de
segunda união e uniões de fato”. “É um problema bastante difícil, principalmente
a segunda união, pois existe em todo lugar e está se propagando. Por isso, nós então
estamos fazendo um trabalho mais de base do que propriamente de remédio. Começando
por lá atrás e educando para a virtude, para que se formem famílias verdadeiramente
cristãs”.
“Os leigos são importantíssimos neste papel, afinal de contas a experiência
de família é comum a todos, inclusive aos padres que vieram de uma família, mas sobretudo
àqueles que já são casados e vivem o dia a dia na sua família”.