2012-06-01 19:14:59

A Milão positivamente laica e a Milão da fé concorram para o bem comum: Bento XVI aos milaneses


(01/06/2012) Foi no sugestivo cenário da Praça da Catedral de Milão, diante da fachada do conhecido “Duomo”, que Bento XVI foi acolhido, ao fim da tarde desta sexta-feira, na viagem que ali o levou, de Roma, para visitar a Igreja local e para participar no Encontro Mundial das Famílias.
Na saudação dirigida a todos os milaneses, a começar pelos fiéis católicos, mas sem esquecer nem excluir ninguém, o Santo Padre recordou expressamente todos os que – disse – carecem de ajuda e conforto e estão oprimidos por diversas preocupações: as pessoas só ou em dificuldade, os desempregados, os doentes, os encarcerados, e todos os que se encontram privados de uma casa ou do que é indispensável para viver uma vida digna. Fazendo votos de que “não falte a nenhum destes irmãos e irmãs o interesse solidário e constante da coletividade”, Bento XVI exprimiu gratidão por aquilo que a diocese de Milão tem feito e continuará a fazer para ir concretamente ao encontro das necessidades das famílias atingidas pelo crise económico-financeira assim como pela diligência com que se mobilizou, juntamente com toda a Igreja e sociedade civil em Itália, para socorrer as populações vítimas do recente terramoto.

Aludindo ao símbolo da cidade que constitui a sua catedral (diante da qual se encontrava), lançada em altura, em direção aos céus, o Papa observou que “tem sido este impulso para o alto o que sempre tem caraterizado Milão e lhe tem permitido corresponder à sua vocação de ser uma encruzilhada de povos e culturas, conjugando sapientemente o orgulho pela sua própria identidade com a capacidade de acolher todos os contributos positivos que, no decurso da história, lhe foram sendo oferecidos. Ainda hoje, Milão está chamada a redescobrir este seu papel positivo, promotor de desenvolvimento e de paz para toda a Itália”.

Não faltou uma referência aos elos que sempre ligaram a comunidade ambrosiana (de Milão) à Igreja de Roma e ao sucessor de Pedro. Santo Ambrósio – recordou Bento XVI – provinha de uma família romana e deixou na Igreja universal e especialmente na de Milão uma marca indelével.
A Igreja ambrosiana, conservando as prerrogativas do seu rito e as expressões próprias da única fé, está chamada a viver em plenitude a catolicidade da Igreja una, a testemunhá-la e a contribuir para a enriquecer”.

O Papa sublinhou precisamente que a identidade da Igreja de Milão se tem caraterizado, através dos tempos, por um profundo sentido eclesial e de comunhão com o Sucessor de Pedro.

No contexto do Encontro Mundial das Famílias, razão primeira desta visita, Bento XVI recordou “santa Joana Beretta Molla, esposa e mãe, mulher empenhada no âmbito eclesial e civil, que fez resplandecer a beleza e a alegria da fé, da esperança e da caridade.

Recordando aos milaneses a sua história, “riquíssima de cultura e de fé”, Bento XVI sublinhou que esta riqueza “germinou na arte, na música, na literatura, como também na vida cultural, na indústria, na política, no desporto, nas iniciativas de solidariedade”.
“Toca a vós, herdeiros de um glorioso passado e de um património espiritual de inestimável valor, empenhar-vos em transmitir às futuras gerações uma tradição assim tão luminosa, inserindo no atual contexto cultural o fermento evangélico”. Sublinhando que a fé em Jesus Cristo, morto e ressuscitado "devea nimar todo o tecido da vida, pessoal e comunitária, privada e pública", Bento XVI referiu expressamente a família, que há que "redescobrir como matrimónio principal da humanidade, coeficiente e sinal de uma autêntica e estável cultura a favor do homem".

Quase a concluir, o Papa advertiu ainda que “a singular identidade de Milão não a deve isolar nem separar, fechando-a em si mesma”. “Pelo contrária, conservando a linfa das suas raízes, e as marcas características da sua história, ela é chamada a encarar o futuro com esperança, cultivando um elo íntimo e propulsivo com a vida de toda a Itália e da Europa.
Na clara distinção de papéis e finalidades, a Milão positivamente laica e a Milão da fé estão chamadas a concorrer para o bem comum”.

Após uma breve pausa de repouso, na residência do arcebispo de Milão, ao lado da catedral, aonde pernoitará nestes dias, o Papa deslocou-se depois ao famoso Teatro de La Scala, para participar num concerto, com a presença das delegações oficiais que participam no Encontro Mundial das Famílias. A orquestra e o coro do Teatro de La Scala executarão a Nona Sinfonia de Ludwig van Beethoven, sob a direção do maestro Daniel Barenboim. Solistas: Barbara Frittoli, Daniela Barcellona, John Botha, René Pape. Sobre este momento cultural daremos notícia na nossa próxima emissão.








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