Card. Hummes: "Família, oportunidade para o ser humano ser feliz"
Cidade
do Vaticano (RV) – A Família é onde se realiza com clareza a Palavra de Deus,
como descrita no Genesis: “Deus criou o homem à sua imagem: homem e mulher os criou.
Deus os abençoou, e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra, sujeitai-a;
Eva é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher,
pois do homem foi tomada. Portanto, o homem deixará o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á
à sua mulher, e serão ambos uma carne. Ambos estavam nus, o homem e a sua mulher;
e não se envergonhavam”.
Com base nesta reflexão, o Cardeal Cláudio Hummes,
prefeito emérito da Congregação para o Clero, recorda as duas finalidades indicadas
pela Igreja para o matrimônio: o amor mútuo entre os cônjuges e a comunidade de vida
que ambos criam.
“Na Igreja temos a clareza da Palavra de Deus, da Bíblia,
desde o Gênesis, onde Deus abençoa o casal e portanto, a primeira e a grande benção
é dada ao matrimônio do homem com a mulher, em vista de filhos, em vista da geração
de novos seres humanos, em vista do amor mútuo que liga os esposos e os pais aos filhos.
Esta comunidade é tão importante para o ser humano, uma comunidade de amor na qual
poder viver intensamente o amor mútuo. A Igreja sempre ensinou estas duas finalidades
do matrimônio: amor mútuo entre os cônjuges e a comunidade de vida que ambos criam,
onde a vida nasce e é protegida, é educada, é amparada, até a sua possibilidade de
formar novos núcleos...”.
“A Igreja indica que isto é a família e é
a grande chance e oportunidade do ser humano ser feliz, porque ali ele vive um amor
concreto, total. E que na medida em que isto se esvazia ou se danifica, o próprio
ser humano perde, e quem acaba também perdendo depois é a sociedade. A família é uma
célula fundamental da sociedade”.
“Interessante: foram feitas algumas
pesquisas sociais com jovens, perguntando “Onde você se sente melhor?”. Os jovens
de hoje, que se diz estarem sempre em conflito com os pais, que querem liberdade e
autonomia... A grande maioria dos jovens responderam: “Na minha família é onde me
sinto bem, na minha casa. Lá eu sou eu e é o meu mundo”... porque isto corresponde
à natureza das coisas.... Mas repito: o mundo ideal, perfeito, só um dia, quando Deus
redimir o mundo completamente e o transformar, chegaremos à perfeição. Teremos sempre
problemas diante de nós. Segundo as épocas, problemas diferentes, que também trazem
novas luzes. A cultura atual também traz novas luzes, a começar pelas luzes científicas,
tecnológicas, mas também luzes para entender o ser humano, que a Igreja deve saber
captar, reconhecer, e ajudá-la a sempre pensar de novo e a aprofundar a sua fé, a
sua compreensão da Palavra de Deus. A família é importantíssima para a Igreja, é uma
pequena Igreja, a Igreja doméstica, porque é uma comunidade que vive a fé e portanto,
é uma pequena comunidade de cristãos que vivem a fé. Mas nem todo mundo é cristão,
então, de fato, a Igreja está dentro de um mundo que precisa ser iluminado, e isto
deve ser feito no diálogo, no conviver, enfim... mas eu sobre este aspecto sou otimista:
sabemos que muita gente é vítima destes males todos e sofre muito com isto. Mas o
mundo foi sempre cheio destas coisas também: onde o bem existe e o mal está ali tantas
vezes a limitar as possibilidades do bem e da felicidade”.
Ouça as palavras
de Dom Cláudio Hummes, clicando acima. (CM)