2012-05-25 11:23:22

Card. Hummes: "Igreja não condene, mas ilumine e salve!"


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Cidade do Vaticano (RV) - Neste quadro em que abordamos temas da atualidade, aprofundamos nestes dias questões ligadas à família, na iminência do VII Encontro Mundial das Famílias, de 30 de maio a 3 de junho de 2012.

O nosso enfoque neste capítulo é “A FAMÍLIA VIVE A PROVAÇÃO”, e tomamos como ponto de partida o n. 18 da Familiaris consortio, exortação apostólica assinada por João Paulo II em 1981.

Este parágrafo representa um sugestivo afresco das «noites da família» que caem sobre todas as idades da vida e sobre todas as fases da existência. O texto ajuda a ler, em cada região do mundo, as dificuldades peculiares das famílias no tempo presente com a inteligência da mente e a compaixão do coração. Ouvindo as preocupações pastorais dos Padres do Sínodo, o grande afeto de João Paulo II dirige o olhar da Igreja a ler com amor os sofrimentos e as dificuldades que atravessam a vida familiar, e pede também hoje aos seus pastores, aos ministérios laicais e às famílias, que enriqueçam o olhar da Igreja sobre a multidão incontável, que é como ‘um rebanho sem pastor’.

Mas como ajudar a família em dificuldade? “Um empenho pastoral ainda mais generoso, inteligente e prudente, na linha do exemplo do Bom Pastor, é pedido para aquelas famílias que – muitas vezes independentemente da própria vontade ou pressionadas por outras exigências de natureza diversa – se encontram em situações objetivamente difíceis”.

É neste sentido que atuam as Pastorais Familiares. “Em cada Diocese, vasta ou pequena, rica ou pobre, dotada ou não de clero, o Bispo estará agindo com sabedoria pastoral, estará fazendo “investimento” altamente compensador, estará construindo, a médio prazo, a sua Igreja particular, à medida que der o máximo apoio a uma Pastoral Familiar efetiva” (João Paulo II, junho de 1.990 aos Bispos Brasileiros em Roma).

Esta exortação e apelo do Papa devem ecoar no coração dos pastores da Igreja e no coração de todos os agentes de pastoral e de todos os batizados de nossas paróquias, para que implantem e pratiquem com urgência a Pastoral Familiar como é proposta pela “Familiaris Consortio” e pelos documentos específicos da CNBB, em favor da família.

Segundo esta linha de pensamento, a Igreja deve ser uma ‘mãe’ que educa, consola e protege seus filhos, iluminando-os e salvando-os. É o que pensa o Cardeal Cláudio Hummes, Prefeito emérito da Congregação para o Clero:

Estamos quase às vésperas deste grande Encontro Mundial das Famílias em Milão. A Igreja está encontrando novamente este tema diante de si. Ele é um tema constante nestes últimos tempos, por causa da pós-modernidade, da cultura que relativizou demasiadamente as grandes certezas, enfraquecendo também as grandes instituições. A família foi uma das que mais sofreu com isto. É certo que não se pode sonhar em voltar no tempo, porque a história se faz, ela caminha. Eu recordo algumas vezes, nos retiros que faço a padres, que digo que diante deste mundo que destruiu muitos valores não só religiosos, mas também simplesmente humanos e antropológicos, que temos a tentação de demonizar a nova sociedade, de condená-la. Mas que Jesus Cristo disse “Eu não vim condenar o mundo. Eu vim salvar!”.

Então, nossa tarefa não é condenar: é salvar, é iluminar, ajudar esta sociedade a encontrar novamente seus caminhos. Nós devemos iluminar com alegria, com simplicidade e com humildade também, convivendo com esta sociedade, mas mostrando que existe a luz de Deus, a luz de Jesus Cristo que eles quiseram apagar, mas que isto é fatal e que, portanto, é necessário abrir de novo os olhos e os ouvidos, para ouvir e para ver; para enxergar. E a Igreja tem que fazer isto. A realidade é esta, nós a vemos de fato. Temos que iluminar e procurar salvar”.
(CM)







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