Card. Hummes: "Igreja não condene, mas ilumine e salve!"
Cidade
do Vaticano (RV) - Neste quadro em que abordamos temas da atualidade, aprofundamos
nestes dias questões ligadas à família, na iminência do VII Encontro Mundial das Famílias,
de 30 de maio a 3 de junho de 2012.
O nosso enfoque neste capítulo é “A FAMÍLIA
VIVE A PROVAÇÃO”, e tomamos como ponto de partida o n. 18 da Familiaris consortio,
exortação apostólica assinada por João Paulo II em 1981.
Este parágrafo representa
um sugestivo afresco das «noites da família» que caem sobre todas as idades da vida
e sobre todas as fases da existência. O texto ajuda a ler, em cada região do mundo,
as dificuldades peculiares das famílias no tempo presente com a inteligência da mente
e a compaixão do coração. Ouvindo as preocupações pastorais dos Padres do Sínodo,
o grande afeto de João Paulo II dirige o olhar da Igreja a ler com amor os sofrimentos
e as dificuldades que atravessam a vida familiar, e pede também hoje aos seus pastores,
aos ministérios laicais e às famílias, que enriqueçam o olhar da Igreja sobre a multidão
incontável, que é como ‘um rebanho sem pastor’.
Mas como ajudar a família
em dificuldade? “Um empenho pastoral ainda mais generoso, inteligente e prudente,
na linha do exemplo do Bom Pastor, é pedido para aquelas famílias que – muitas vezes
independentemente da própria vontade ou pressionadas por outras exigências de natureza
diversa – se encontram em situações objetivamente difíceis”.
É neste sentido
que atuam as Pastorais Familiares. “Em cada Diocese, vasta ou pequena, rica ou pobre,
dotada ou não de clero, o Bispo estará agindo com sabedoria pastoral, estará fazendo
“investimento” altamente compensador, estará construindo, a médio prazo, a sua Igreja
particular, à medida que der o máximo apoio a uma Pastoral Familiar efetiva” (João
Paulo II, junho de 1.990 aos Bispos Brasileiros em Roma).
Esta exortação e
apelo do Papa devem ecoar no coração dos pastores da Igreja e no coração de todos
os agentes de pastoral e de todos os batizados de nossas paróquias, para que implantem
e pratiquem com urgência a Pastoral Familiar como é proposta pela “Familiaris Consortio”
e pelos documentos específicos da CNBB, em favor da família.
Segundo esta
linha de pensamento, a Igreja deve ser uma ‘mãe’ que educa, consola e protege seus
filhos, iluminando-os e salvando-os. É o que pensa o Cardeal Cláudio Hummes, Prefeito
emérito da Congregação para o Clero:
“Estamos quase às vésperas deste grande
Encontro Mundial das Famílias em Milão. A Igreja está encontrando novamente este tema
diante de si. Ele é um tema constante nestes últimos tempos, por causa da pós-modernidade,
da cultura que relativizou demasiadamente as grandes certezas, enfraquecendo também
as grandes instituições. A família foi uma das que mais sofreu com isto. É certo que
não se pode sonhar em voltar no tempo, porque a história se faz, ela caminha. Eu recordo
algumas vezes, nos retiros que faço a padres, que digo que diante deste mundo que
destruiu muitos valores não só religiosos, mas também simplesmente humanos e antropológicos,
que temos a tentação de demonizar a nova sociedade, de condená-la. Mas que Jesus Cristo
disse “Eu não vim condenar o mundo. Eu vim salvar!”.
Então, nossa
tarefa não é condenar: é salvar, é iluminar, ajudar esta sociedade a encontrar novamente
seus caminhos. Nós devemos iluminar com alegria, com simplicidade e com humildade
também, convivendo com esta sociedade, mas mostrando que existe a luz de Deus, a luz
de Jesus Cristo que eles quiseram apagar, mas que isto é fatal e que, portanto, é
necessário abrir de novo os olhos e os ouvidos, para ouvir e para ver; para enxergar.
E a Igreja tem que fazer isto. A realidade é esta, nós a vemos de fato. Temos que
iluminar e procurar salvar”. (CM)