Dom Vegliò: "as migrações assumiram caráter de crise humanitária"
Roma (RV) – Foi realizada, neste domingo, na co-catedral de Narni, centro da
Itália, o anual almoço com as pessoas em condições de pobreza e os refugiados políticos
provenientes de diversos locais de acolhimento da diocese. Antes do almoço, o Presidente
do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerante, Cardeal Antonio
Maria Vegliò, presidiu uma celebração eucarística. Em sua homilia, dedicou grande
espaço ao tema da migração e do respeito aos migrantes.
O purpurado falou sobre
o aumento da frequência dos movimentos migratórios no mundo, destacando que “migrar
nunca é indolor”. Ele lembrou que “imigrando se deixa a pátria, a cultura, os hábitos
e os afetos familiares para ir a um lugar desconhecido, onde se deve aprender tudo
de novo, inclusive a língua”.
Dom Vegliò disse ainda que “as migrações, hoje,
assumiram dimensões de verdadeiras crises humanitárias”, deixando as pessoas expostas
“à voracidade sem escrúpulos do crime organizado”. “Não podemos nos render ao prepotente
renascimento do tráfico de escravos, que faz anualmente um milhão de vítimas destinadas
ao mercado da prostituição, do trabalho forçado e ao tráfico de órgãos”, confirmou
o Cardeal.
Outro lado da migração ressaltado por Dom Vegliò foi o da “fuga
de inteligência”, ou seja, pessoas altamente capacitadas que deixam seus países, levando
consigo grande parte da potencialidade de desenvolvimento da nação. Dados de alguns
países falam na evasão de 60% da população com educação superior.
Concluindo,
o Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerante
afirmou que uma verdadeira política migratória deve tender a elaborar normas precisas
que assegurem a estabilidade e garantam a todos a defesa dos próprios direitos. “A
Igreja não reivindica para si competências específicas na elaboração de tais projetos,
contudo permite-se a elaboração de algumas propostas para que as orientações se inspirem
nos direitos fundamentais do ser humano e na grande tradição da nossa civilização
cristã”, reforçou o Cardeal. E fez então um convite aos leigos: “cabe também aos leigos
cristãos, aos grupos, às associações e aos organismos de inspiração eclesial assegurar
a tais medidas uma maior concretude, em base às suas competências e experiências,
e solicitar específicas estratégias de ação”. (ED)