2012-05-17 19:50:27

Nova Evangelização e "Evangelii Nuntiandi": ai de mim se não evangelizar


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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, voltamos ao nosso encontro de todas as semanas reservado à nova evangelização: como se tem reiterado, não um modismo na Igreja, mas uma prioridade para a Igreja em nossos tempos.

Justamente por ser uma prioridade, Bento XVI "decidiu convocar a XIII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre o tema A nova evangelização para a transmissão da fé cristã, que se realizará de 7 a 28 de outubro deste ano. Retomando a reflexão até agora realizada sobre o tema, a Assembleia sinodal terá por objetivo analisar a situação atual nas Igrejas particulares, para traçar, em comunhão com o Santo Padre Bento XVI (...), novas formas e expressões da Boa Notícia que devem ser transmitidas ao homem contemporâneo com renovado entusiasmo, próprio dos santos, alegres testemunhas do Senhor Jesus Cristo (...). É um desafio a retirar, como o escriba que se tornou discípulo do Reino dos céus, coisas novas e coisas antigas do precioso tesouro da Tradição (cf. Mt. 23, 52)". (Prefácio dos Lineamenta para o referido Sínodo)

É nesse sentido que temos recorrido a alguns documentos magisteriais pertinentes à ação missionária da Igreja para uma oportuna revisitação – em vista do aguardado Sínodo de outubro próximo.

Nesta edição, com a segunda parte do nº 80 da "Evangelii Nuntiandi" concluímos nossa revisitação à Exortação Apostólica do Papa Paulo VI, de 8 de dezembro de 1975. Concluindo o importante documento, no nº 80 – que tem por título "Com o fervor dos santos" – Paulo VI relança a prioridade da Evangelização, e, em sua segunda parte, diz o seguinte:

"Será então um crime contra a liberdade de outrem o proclamar com alegria uma Boa Nova que se recebeu primeiro, pela misericórdia do Senhor? (132) Ou por que, então, só a mentira e o erro, a degradação e a pornografia, teriam o direito de serem propostos e com insistência, infelizmente, pela propaganda destrutiva dos "mass media", pela tolerância das legislações e pelo acanhamento dos bons e pelo atrevimento dos maus? Esta maneira respeitosa de propor Cristo e o seu reino, mais do que um direito, é um dever do evangelizador. E é também um direito dos homens seus irmãos o receber dele o anúncio da Boa Nova da salvação. Esta salvação, Deus pode realizá-la em quem ele quer por vias extraordinárias que somente ele conhece.(133) E entretanto, se o seu Filho veio, foi precisamente para nos revelar, pela sua palavra e pela sua vida, os caminhos ordinários da salvação. E ele ordenou-nos transmitir aos outros essa revelação, com a sua própria autoridade.
Sendo assim, não deixaria de ter a sua utilidade que cada cristão e cada evangelizador aprofundasse na oração este pensamento: os homens poderão salvar-se por outras vias, graças à misericórdia de Deus, se nós não lhes anunciarmos o Evangelho; mas nós, poder-nos-emos salvar se, por negligência, por medo ou por vergonha, aquilo que São Paulo chamava exatamente "envergonhar-se do Evangelho",(134) ou por se seguirem idéias falsas, nos omitirmos de o anunciar? Isso seria, com efeito, trair o apelo de Deus que, pela voz dos ministros do Evangelho, quer fazer germinar a semente; e dependerá de nós que essa semente venha a tornar-se uma árvore e a produzir todo o seu fruto.
Conservemos o fervor do espírito, portanto; conservemos a suave e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando for preciso semear com lágrimas! Que isto constitua para nós, como para João Batista, para Pedro e para Paulo, para os outros apóstolos e para uma multidão de admiráveis evangelizadores no decurso da história da Igreja, um impulso interior que ninguém nem nada possam extinguir. Que isto constitua, ainda, a grande alegria das nossas vidas consagradas. E que o mundo do nosso tempo que procura, ora na angústia, ora com esperança, possa receber a Boa Nova dos lábios, não de evangelizadores tristes e descoroçoados, impacientes ou ansiosos, mas sim de ministros do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois foram quem recebeu primeiro em si a alegria de Cristo, e são aqueles que aceitaram arriscar a sua própria vida para que o reino seja anunciado e a Igreja seja implantada no meio do mundo."

Amigo ouvinte, o anúncio de Jesus Cristo é a via ordinária da salvação, mas Deus dispõe de outros meios para aqueles que não receberam tal anúncio: a via extraordinária. O grande teólogo Karl Rahner afirma que todos são beneficiados pela graça da morte e ressurreição de Cristo (a via existencial sobrenatural). Mas depois há o anúncio explícito que alcança uma minoria e nós somos chamados a esse anúncio. Paulo VI afirma com palavras claras que quem não evangeliza coloca em perigo a própria vida. Compreende-se que os motivos da evangelização são a vontade de Deus e a salvação pessoal. Uma última observação: na exortação resulta claro que a evangelização é coextensiva à ação eclesial. É a dinâmica fundamental da Igreja.

Amigo ouvinte, por hoje é só. Semana que vem tem mais, se Deus quiser! (RL)







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