Papa convidava a contemplar Jesus Crucificado, na alocução preparada para La Verna,
etapa cancelada pelo mau tempo
(14/05/12) “A extraordinária eficácia” da contemplação do Crucifixo, numa crescente
conformação com Jesus, é sublinhada por Bento XVI na alocução preparada para pronunciar
em La Verna, no encontro que teria tido com os discípulos de Francisco de Assis, que
ali recebeu os estigmas da paixão. Em razão do mau tempo (na imagem, frades em La
Verna, fustigada pelo temporal), esta etapa da visita não pôde ter lugar, mas o texto
foi divulgado e merece ser referido, pelo que constitui de apelo à contemplação da
Cruz de Cristo. Declarando-se ele próprio “peregrino” de La Verna, o Papa recordava
– no texto preparado - que “a contínua meditação da Cruz, neste lugar santo, tem sido
via de santificação para tantos cristãos que, ao longo de oito séculos, aqui se ajoelharam
a rezar, em silêncio e recolhimento”. “A Cruz gloriosa de Cristo resume
os sofrimentos do mundo, mas é sobretudo sinal tangível do amor, medida da bondade
de Deus para com o homem. Neste lugar, também nós somos chamados a recuperar a dimensão
sobrenatural da vida, a levantar os olhos daquilo que é contingente, para voltar a
confiar-nos completamente ao Senhor, com coração livre e perfeita alegria interior,
contemplando o Crucificado para nos fira com o seu amor”. Como Francisco
de Assis nos ensina com o seu exemplo e o seu cântico das criaturas, “só deixando-nos
iluminar pela luz do amor de Deus, é que o homem e a natureza podem ser resgatados,
e a beleza pode finalmente refletir o esplendor do rosto de Cristo, como a lua reflete
o sol”. “A contemplação do Crucificado tem uma extraordinária eficácia,
porque nos faz passar da ordem das coisas pensadas à experiência vivida; da salvação
esperada à pátria feliz. Como diz São Boaventura, quem fixa atentamente o olhar no
Crucifixo, realiza a sua Páscoa, a passagem”. No santo monte de La Verna,
São Francisco fez a experiência da perfeita unidade entre seguir e imitar Cristo e
conformar-se com Ele. Ele diz-nos, assim – sublinhou Bento XVI – que “não basta declarar-se
cristão” para o ser realmente. Nem sequer basta realizar obras de bem. “Há
que se conformar com Jesus, com um lento, progressivo empenho de transformação do
próprio ser, à imagem do Senhor, para que, por graça divina, cada membro do Corpo
dele, que é a Igreja, mostre a necessária semelhança com a Cabeça, Cristo Senhor”. “Quantos
peregrinos subiram e sobem a este monte santo para contemplar o Amor de Deus crucificado,
deixando-se arrebatar por Ele – exclamou o Papa. “Quantos peregrinos subiram à busca
de Deus, que é a verdadeira razão para a qual existe a Igreja: fazer de ponte entre
Deus e o homem”. Concluindo a sua alocução aos que o escutavam no santuário de
La Verna, nomeadamente jovens e frades franciscanos, Bento XVI recordou que “a profissão
dos conselhos evangélicos é uma via mestra para viver a caridade de Cristo. “É
o amor a Cristo que está na base da vida do Pastor, como também na do consagrado:
um amor que não tem medo do empenho e da fadiga. Levai este amor ao homem do nosso
tempo, tantas vezes fechado no seu próprio egoísmo. Sede sinal da imensa misericórdia
de Deus”.