2012-05-12 09:45:42

Editorial: A chaga do tráfico de seres humanos


Cidade do Vaticano (RV) - RealAudioMP3 A exploração sexual, o trabalho escravo e roubo de órgãos são os crimes com maior taxa de crescimento em todo o mundo: afirmação que vem das Nações Unidas. No início desta semana, o Pontifício Conselho da Justiça e da Paz promoveu uma Conferência Internacional sobre o tráfico de seres humanos. Um encontro organizado em parceria com o Departamento para as Políticas Migratórias da Conferência Episcopal da Inglaterra e Gales. Foi mais um evento na tentativa de iniciar um processo de colaboração entre Igrejas, polícias e organizações internacionais para lutar contra esse fenômeno. Os números do terrível fenômeno falam por si: Segundo um documento divulgado pelo Pontifício Conselho, as pessoas vítimas do tráfico seriam dois milhões e 400 mil. Deste número, 79% é explorado com fins sexuais.

Os bilhões de pobres e miseráveis que caminham errantes neste mundo são o exército onde organizações encontram “a sua matéria prima”, na maioria mulheres e crianças, dois grupos mais vulneráveis ao tráfico de seres humanos, um crime transnacional cometido por redes difíceis de desmantelar. O tráfico de seres humanos é um atentado ao direito do ser humano e uma forma de escravidão alicerçada em lógicas de exploração sexual e de trabalho, tudo isso ligado a fenômenos sociais como a pobreza e a exclusão social.

Segundo estimativas de organizações que combatem esse flagelo, como “Juntos contra o tráfico de seres humanos”, o tráfico de pessoas é o terceiro comércio ilegal mais lucrativo, depois do tráfico de armas e de drogas, gerando 27 bilhões de euros anuais.

Para diversas entidades envolvidas no combate, sendo um fenômeno de cariz transnacional, é necessária uma intervenção articulada entre os diversos países (de origem e de destino das pessoas traficadas), através de prevenção, repressão e mecanismos de apoio às vítimas.

A Conferência promovida no Vaticano centralizou-se na prevenção, no suporte pastoral e na reabilitação das vítimas, recordando os esforços da comunidade internacional em criar leis, acordos para combater este fenômeno. Mas apesar disso, o problema persiste. Para o Presidente do Pontifício Conselho, Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, as leis nacionais e os acordos internacionais são necessários, mas não suficientes para derrotar este flagelo. “A promoção dos direitos fundamentais da pessoa, de cada pessoa, é uma tarefa que exige em primeiro lugar a conversão dos corações”.

É preciso investir numa educação autêntica das pessoas, principalmente dos grupos mais vulneráveis. É necessária uma ordem internacional mais justa, para que a pobreza e o subdesenvolvimento deixem de constituir um terreno fértil em que os traficantes possam encontrar potenciais vítimas.

A Igreja sempre esteve e estará ao lado dos que sofrem e são explorados trabalhando não só diretamente com as pessoas, mas também analisando, identificando as rotas deste fenômeno.

Damos eco às palavras do Cardeal Turkson “não podemos ceder ao desconforto. Se de um lado há quem tenta se enriquecer explorando a vida das pessoas, de outro existe outra humanidade, feita de homens e mulheres que todos os dias consagram suas vidas na luta contra o flagelo do tráfico de seres humanos”.

O tráfico de seres humanos viola os direitos fundamentais das pessoas e é essencial que se desenvolva um trabalho de intervenção para que este tipo de crime deixe de existir. (Silvonei José)








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