Nova Evangelização e "Evangelii Nuntiandi": anunciadores do Evangelho, servidores
da verdade
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, chegamos ao nosso encontro semanal dedicado à nova
evangelização, tendo em vista a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos,
a realizar-se, no Vaticano, de 7 a 28 de outubro próximo com o tema "A nova evangelização
para a transmissão da fé cristã".
Nesse sentido, demos continuidade à nossa
revisitação à "Evangelii Nuntiandi", Exortação Apostólica de 1975, em que o Papa Paulo
VI nos fala, dentre outros, sobre os tempos novos da evangelização, prefigurando a
nova evangelização – questão prioritária para a Igreja em nossos dias.
Em nossa
revisitação encontramo-nos no VII e último capítulo do importante documento magisterial,
capítulo este dedicado ao espírito da Evangelização, no qual o Papa Montini discorre
sobre as "disposições interiores que hão de animar os obreiros da evangelização".
De fato, trouxemos o tema "Sob a inspiração do Espírito Santo" (n. 75); "Testemunhas
autênticas" (n. 76); e "Artífices da unidade" (n. 77) – este último, do qual nos ocupamos
na edição passada.
Nele, o Paulo VI afirma que "a sorte da evangelização está
ligada ao testemunho de unidade dado pela Igreja", insistindo sobre "o sinal da unidade
entre todos os cristãos como via e instrumento da evangelização", e exortando a que
se colabore com maior empenho com os irmãos cristãos com os quais ainda não se alcançou
uma comunhão perfeita, a fim de se dar "mais amplo testemunho comum de Cristo diante
do mundo".
Mas passemos agora ao nº 78 da Exortação Apostólica, número este
em que nos fala, de modo eloqüente, sobre os anunciadores do Evangelho como "Servidores
da verdade". Diz o texto:
78. "O Evangelho de que nos foi confiado o encargo
é também palavra da verdade. Uma verdade que torna livres(126) e que é a única coisa
que dá a paz do coração, é aquilo que as pessoas vêm procurar quando nós lhes anunciamos
a Boa Nova. Verdade sobre Deus, verdade sobre o homem e sobre o seu misterioso destino
e verdade sobre o mundo. Difícil verdade que nós procuramos na Palavra de Deus e da
qual nós somos, insistimos ainda, não os árbitros nem os proprietários, mas os depositários,
os arautos e os servidores. Espera-se de todo o evangelizador que ele tenha o culto
da verdade, tanto mais que a verdade que ele aprofunda e comunica, outra coisa não
é senão a verdade revelada; e, por isso mesmo, mais do que qualquer outra, parcela
daquela verdade primária que é o próprio Deus. O pregador do Evangelho terá de ser,
portanto, alguém que, mesmo à custa da renúncia pessoal e do sofrimento, procura sempre
a verdade que há de transmitir aos outros. Ele jamais poderá trair ou dissimular a
verdade, nem com a preocupação de agradar aos homens, de arrebatar ou de chocar, nem
por originalidade ou desejo de dar nas vistas. Ele não há de evitar a verdade e não
há de deixar que ela se obscureça pela preguiça de a procurar, por comodidade ou por
medo; não negligenciará nunca o estudo da verdade. Mas há de servi-la generosamente,
sem a escravizar. Enquanto Pastores do povo fiel, o nosso serviço pastoral obriga-nos
a preservar, defender e comunicar a verdade, sem olhar a sacrifícios. Tantos e tantos
Pastores eminentes e santos nos deixaram o exemplo, em muitos casos heróico, deste
amor à verdade. E o Deus da verdade espera de nós precisamente que sejamos os defensores
vigilantes e pregadores devotados dessa mesma verdade. Quer sejais doutores, teólogos,
exegetas ou historiadores, a obra da evangelização precisa de todos vós, do vosso
labor infatigável de pesquisa e também da vossa atenção e delicadeza na transmissão
da verdade, da qual os vossos estudos vos aproximam, mas que permanece sempre maior
do que o coração do homem, porque é a mesma verdade de Deus. Pais e mestres, a
vossa tarefa, que os múltiplos conflitos atuais não tornam fácil, é a de ajudar os
vossos filhos e os vossos discípulos na descoberta da verdade, incluindo a verdade
religiosa e espiritual."
De fato, nesse contexto das disposições interiores
que hão de animar os obreiros da evangelização, o Papa Paulo VI conclui com uma premente
exortação aos pais e mestres, exortação esta que, à distância de quase 40 anos, conserva
toda a sua atualidade.
Amigo ouvinte, por hoje nosso tempo já acabou. Semana
que vem tem mais, se Deus quiser! (RL)