2012-04-28 10:07:04

Pontifícia Academia das Ciências Sociais dedica plenária à "Pacem in terris"


Cidade do Vaticano (RV) - A célebre encíclica de João XXIII Pacem in terris norteará os trabalhos da 18º plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, aberta esta sexta-feira e que prosseguirá até a próxima terça-feira, dia 1º de maio. A Rádio Vaticano pediu à Presidente da Academia, Dra. Mary Ann Glendon – que abriu os trabalhos da plenária –, que nos ilustrasse a finalidade do encontro deste ano e a atualidade de pensamento da Pacem in terris:

Dra. Mary Ann Glendon:- "Como o Papa repetiu várias vezes, a paz é uma coisa que deve ser construída e conquistada em todas as gerações. Nesta Conferência temos reunido pessoas do mundo financeiro – como o Presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi – que falarão sobre os graves problemas em âmbito econômico. Esperamos, no final dessa Conferência, poder ter uma idéia dos sinais de esperança que essas pessoas podem dar-nos, o que poderão dizer-nos sobre as novas forças e novas idéias, sobretudo daquilo que nos dizer respeito. Ou ainda, qual pode ser o papel da religião na busca daquela tranqüilidade da ordem que é a paz."

RV: Um dos problemas principais que apareceram nestes últimos anos, no âmbito financeiro e político, é o decaimento da moralidade global. Como a Pacem in terris pode ajudar os líderes a encontrar uma nova interpretação da moralidade a ser aplicada em seus campos específicos?

Dra. Mary Ann Glendon:- "Creio recordar-me que pouco antes do Concílio Vaticano II, João XXIII dissesse coisas que somente hoje conseguimos compreender melhor do que fora possível na época. Uma delas afirma que são, sobretudo, "todas as pessoas de boa vontade" que têm a tarefa de construir a paz – hoje diríamos, substancialmente os leigos, no que diz respeito à Igreja. Podemos lembrar que já na época ele dizia que a Igreja não indica políticas ou programas específicos: a Igreja indica alguns princípios gerais e nos pede que os façamos de modo que eles sejam vividos em qualquer parte do mundo e em qualquer âmbito da sociedade em que nos encontremos. Portanto, penso que a mensagem da Pacem in terris se revele por ser não uma nova teoria de matiz católica das relações internacionais, ou uma nova teoria de moralidade internacional, mas, sobretudo, uma mensagem para todos os homens e as mulheres de boa vontade, no mundo inteiro, a fim de que busquem neles mesmos e dentro de suas tradições os recursos para construir a paz."

RV: Seguindo esse percurso será possível se alcançar uma governança global, ou se trata simplesmente de um ideal que não podemos realizar concretamente?

Dra. Mary Ann Glendon:- "Creio que a grande contribuição do pensamento social católico nesse campo, que nós definimos como "subsidiariedade", é que existem determinadas coisas que se conseguem melhor quando são colocadas na prática estando o mais próximo possível das pessoas atingidas por essas decisões. Portanto, é preciso ser ter muito cuidado quando se fala de governança global e considerar que é necessário desenvolver abordagens internacionais ou transnacionais àqueles problemas que não podem ser tratados em nível de responsabilidade em esfera inferior. Não há nada no pensamento católico que compreenda o governo mundial." (RL)







All the contents on this site are copyrighted ©.