2012-04-26 14:30:45

Santa Sé pede á comunidade internacional novos paradigmas económicos, financeiros e comerciais


(26/4/2012) A Santa Sé chama a atenção para a necessidade de uma reflexão urgente e profunda sobre o significado da lógica económica e da arquitetura financeira e comercial global, de modo a corrigir as distorções do sistema. Esta foi a mensagem central do discurso do Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas em Genebra, D. Silvano Maria Tomasi, por ocasião da 13ª Conferência sobre Comércio e Desenvolvimento da Onu (UNCTAD), que se conclui nesta quinta-feira em Doha, Catar.

Para este prelado o objetivo final da economia deve ser o serviço ao desenvolvimento integral do ser humano, e não o contrário. Foi um grito de esperança e, ao mesmo tempo, um apelo para reconduzir as coisas à prerspectiva justa. Tendo esta como pano de fundo, D. Tomasi falou sobre o sistema financeiro, ética, economia sustentável e trabalho.

Sobre o tema do trabalho, o prelado retomou as palavras de João Paulo II na encíclica Laborem Exercens, na qual o Beato salientou o valor de quem trabalha, especificando que o trabalho não é bom somente pela sua utilidade, mas por possuir um valor em si e reforçar a dignidade humana.

Sobre a crise económica , o representante da Santa Sé afirmou que esta confirma como os atuais modelos económicos já não correspondem à realidade e deve ser interpretada como oportunidade de repensar a economia e de procurar novos paradigmas de referência. D. Tomasi destacou que uma nova economia deveria estar baseada em princípios de justiça social, transparência, honestidade, solidariedade e responsabilidade, colocando o ser humano como o centro das preocupações. Criticou a especulação sem escrúpulos e o empecilho que esta constituiu para a formação de uma única grande família humana.

Bento XVI afirma que as raízes da crise não são somente de natureza económica e financeira, mas também ética e moral, e que para superá-la é preciso que se faça prevalecer novamente o “ser” sobre o “ter”. Tendo por base essa premissa, o D. Tomasi disse que todos os países, inclusive os mais desenvolvidos, estão a pagar um preço muito elevado em termos sociais e culturais por ter ignorado a ética. Lembrou que as pessoas, em todo o mundo, compartilham as mesmas necessidades, desejos, aspirações, e que, portanto, o desenvolvimento não é só um conceito económico , mas a pulsão em direção à satisfação daqueles, sem excluir grupos sociais. Falou ainda da educação e da sua importância na construção de um novo paradigma económico .

Finalmente, falou sobre a necessidade de se enfrentar a questão do acesso aos alimentos, da especulação com os preços dos géneros alimentícios de primeira necessidade, convidando as Nações Unidas e o mundo inteiro a prestar atenção a essa problemática.








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