2012-04-25 18:07:09

Santa Sé pede novos paradigmas econômicos em conferência da Onu sobre o tema


Catar (RV) – A Santa Sé chama a atenção para a necessidade de uma reflexão urgente e profunda sobre o significado da lógica econômica e da arquitetura financeira e comercial global, de modo a corrigir as distorções do sistema. Essa foi a mensagem central do discurso do Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas em Genebra, Dom Silvano Maria Tomasi, por ocasião da 13ª Conferência sobre Comércio e Desenvolvimento da Onu (UNCTAD), que se conclui nesta quinta-feira em Doha, Catar.

Para o Arcebispo, o objetivo final da economia deve ser o de colocar-se a serviço do desenvolvimento integral do ser humano, e não o contrário. Foi um grito de esperança e, ao mesmo tempo, um apelo para reconduzir as coisas à prospectiva justa. Com essa perspectiva, Dom Tomasi falou sobre o sistema financeiro, ética, economia sustentável e trabalho.

Sobre o tema do trabalho, o prelado retomou as palavras de João Paulo II na encíclica Laborem Exercens, na qual o Beato ressaltou o valor de quem trabalha, especificando que o trabalho não é bom somente pela sua utilidade, mas por possuir um valor em si e reforçar a dignidade humana.

Sobre a crise econômica, o representante vaticano afirmou que esta confirma como os atuais modelos econômicos não correspondem mais à realidade e deve ser interpretada como oportunidade de repensar a economia e de procurar novos paradigmas de referência. Dom Tomasi destacou que uma nova economia deveria formar-se fundada em princípios de justiça social, transparência, honestidade, solidariedade e responsabilidade, colocando o ser humano como o centro das preocupações. Ele criticou a especulação inescrupulosa e o empecilho que esta constituiu para a formação de uma única grande família humana.

Bento XVI afirma que as raízes da crise não são somente de natureza econômica e financeira, mas também ética e moral, e que para superá-la é preciso que se faça prevalecer novamente o “ser” sobre o “ter”. Tendo por base essa premissa, o Arcebispo disse que todos os países, inclusive os mais desenvolvidos, estão pagando um preço muito alto em termos sociais e culturais por ter ignorado a ética. Lembrou que as pessoas, em todo o mundo, compartilham das mesmas necessidades, desejos, aspirações, e que, portanto, o desenvolvimento não é só um conceito econômico, mas a pulsão em direção à satisfação destes, sem excluir grupos sociais. Trouxe ainda a temática da educação e da sua importância na construção de um novo paradigma econômico.

Por fim, falou sobre a necessidade de se afrontar a questão do acesso aos alimentos, da especulação com os preços dos gêneros alimentícios de primeira necessidade, convidando as Nações Unidas e o mundo inteiro a dar atenção a essa problemática. (ED)








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