Relatório mostra a situação dos adolescentes no mundo
Nova York (RV) – Lançado, nesta terça-feira, um relatório do Fundo das Nações
Unidas para a Criança, Unicef, sobre a situação dos adolescentes no mundo. Conforme
o documento, nos últimos 20 anos, adolescentes foram beneficiados pelo progresso na
educação e na saúde pública. No entanto, as necessidades de muitos adolescentes são
negligenciadas, com mais de um milhão perdendo a vida a cada ano e dezenas de milhões
sem acesso à educação.
A região da África ao sul do deserto do Saara foi
classificada como o lugar mais difícil para um adolescente viver nos dias de hoje.
A população adolescente dessa região ainda está crescendo, e estima-se que terá o
maior número de adolescentes do mundo até 2050. Contudo, lá, apenas metade das crianças
a escola primária, e o desemprego entre os jovens é alto.
Essa publicação intitula-se
“Progresso para as Crianças: Um relatório sobre adolescentes” e destaca as consequências
de os benefícios do progresso não estarem sendo compartilhados com essa gama da população.
A ao excluí-los, se está prejudicando diretamente um bilhão e 200 milhões de pessoas,
que é o número total de adolescentes no Globo, fora os danos indiretos à sociedade.
Para compreender melhor o dado, vale lembrar que, segundo o Estatuto da Criança e
do Adolescente, do Brasil, adolescentes são todos os indivíduos de 12 a 17 anos. No
entanto, a Organização Mundial da Saúde e a Organização das Nações Unidas utilizam
o recorte de 10 a 19 anos de idade para definir adolescente.
O relatório aponta
para uma significativa necessidade de reforçar o investimento em todos os aspectos
da vida e do bem-estar dos adolescentes – mesmo em sua luta pela sobrevivência. A
cada ano, um milhão e 400 mil adolescentes morrem por causa de acidentes de trânsito,
complicações no parto, suicídio, aids, violência e outras causas. Em alguns países
latino-americanos, mais meninos adolescentes morrem em decorrência de homicídio do
que de acidentes de trânsito ou suicídio. Na África, complicações na gravidez e no
parto são a principal causa de morte de meninas com idade entre 15 a 19 anos.
Crianças
entrando na adolescência sofrem cada vez mais risco de violência - uma mudança em
relação à primeira infância, quando doenças e desnutrição são as principais ameaças.
As adolescentes são particularmente vulneráveis à violência no casamento. Em uma pesquisa
na República Democrática do Congo, 70% das meninas entre 15 e 19 que tinham sido casadas
disseram que sofreram violência nas mãos de um atual ou antigo parceiro ou cônjuge.
Adolescentes,
especialmente meninas, são muitas vezes obrigados a abandonar a infância e assumir
papéis de adultos antes de estarem prontos, limitando as suas oportunidades de aprender
e crescer, e colocando sua saúde e segurança em risco. O relatório diz que, nos países
em desenvolvimento – excluindo a China –, mais de um terço das mulheres entre 20 e
24 anos já havia se casado ou vivia em união aos 18 anos, com cerca de um terço destas
tendo casado até os 15 anos de idade.
Taxas de natalidade entre adolescentes
são relativamente altas na América Latina, Caribe e África ao sul do Saara, afirma
o relatório. No Níger, metade das mulheres jovens entre 20 e 24 deu à luz antes dos
18 anos.
Globalmente, 90% das crianças em idade escolar estão matriculadas
em escolas primárias e sistemas de ensino secundário têm-se expandido em muitos países.
No entanto, as matrículas na escola secundária continuam a ser baixas no mundo em
desenvolvimento, especialmente na África e na Ásia. Muitos alunos em idade escolar
secundária estão em escolas primárias. A África ao sul do Saara tem os piores indicadores
de ensino secundário do mundo.
Cerca de 71 milhões de meninos e meninas que
deveriam estar nos anos iniciais do ensino secundário em todo o mundo não estão na
escola, e 127 milhões de jovens entre 15 e 24 anos são analfabetos – a grande maioria
no Sul da Ásia e na África ao sul do Saara.
O relatório afirma que esforços
significativos na defesa de direitos, programas e políticas são necessários para concretizar
os direitos de todos os adolescentes. A adolescência é uma fase crítica da vida em
que o investimento correto pode quebrar o ciclo da pobreza e resultar em benefícios
sociais, econômicos e políticos para adolescentes, comunidades e nações.
Mas
o relatório também aponta que os adolescentes devem ser reconhecidos como verdadeiros
agentes de mudança em suas comunidades. Programas e políticas, enquanto protegem os
adolescentes como pessoas em desenvolvimento, devem reconhecer a sua capacidade de
inovação, criatividade e energia para resolver os seus próprios problemas. (ONU/ED)