Cardeal Vegliò sobre turismo religioso: devemos continuar aprofundando seu potencial
de evangelização
Cidade do Vaticano (RV) - "O turismo faz a diferença" é o tema do VII Congresso
Mundial da Pastoral do Turismo, inaugurado nesta segunda-feira em Cancún, no México.
O encontro é organizado pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os
Itinerantes e pela Prelazia de Cancún-Chetumal, com a colaboração da Conferência Episcopal
Mexicana.
Segundo o relatório 2011 da Organização Mundial do Turismo, no ano
passado os movimentos turísticos aumentaram 4,4%, elevando para 980 milhões o número
de turistas em viagem pelo mundo inteiro. O Congresso convida a não subestimar as
necessidades pastorais e as potencialidades evangelizadoras desse setor da mobilidade.
A
esse propósito, no âmbito do turismo religioso, em que medida o patrimônio artístico
e cultural pode hoje ser colocado a serviço da Nova Evangelização? Foi o que a Rádio
Vaticano perguntou ao presidente do dicastério vaticano promotor do congresso, Cardeal
Antonio Maria Vegliò. Eis o que disse:
Cardeal Antonio Maria Vegliò:-
"Em primeiro lugar, é preciso abandonar antigos preconceitos, hoje sem fundamento,
segundo os quais alguns identificam o turismo como passatempo exclusivo para as classes
endinheiradas. Ademais, devemos continuar aprofundando o potencial de evangelização
que nos oferece tal aspecto da vida humana. De fato, também o turismo pode impulsionar
o homem de hoje ao diálogo e a interrogar-se sobre as grandes questões existenciais
como o sentido da vida e da história, do sofrimento e da pobreza, da fome e da doença,
e dar uma resposta que ofereça plenitude de significado na revelação de Jesus Cristo,
único Salvador do mundo."
RV: Qual a necessidade de se promover a pastoral
do turismo nas Igrejas locais?
Cardeal Antonio Maria Vegliò:- "Noto
com preocupação o fato que a pastoral do turismo ainda não entrou em diversas dioceses
e conferências episcopais, ou então é considerada como algo de acessório e dispensável,
colocando em discussão a sua necessidade e a sua importância. Em algumas áreas do
mundo – temos que reconhecer – existem questões mais graves às quais dar atenção.
Mas em outras situações tal ausência na tem explicação, sobretudo onde o turismo,
quer social quer religioso, é um fenômeno muito relevante. Por isso é importante criar
estruturas nacionais e diocesanas, onde estas ainda não existem, ou fortalecer as
já existentes, integrando a específica pastoral do turismo naquela pastoral ordinária
das diocese e das paróquias. Desse modo, poderão ser organizadas atividades turísticas
voltadas para as peculiaridades, as leis e os costumes dos países visitados, de modo
que os turistas, antes de iniciar sua viagem, possam ser estimulados a obter informações
sobre as características do lugar que pretendem visitar. Igualmente, as comunidades
que recebem e os profissionais do turismo deverão conhecer as formas de vida e as
expectativas dos turistas que os visitam. Nessa linha é importante a formação espiritual
e cultural dos guias turísticos, e se pode até estudar a possibilidade de se criar
organizações de guias católicos." (RL)