Bento XVI: a Palavra de Deus não é depósito inerte, mas potência de vida

Cidade do Vaticano (RV) - A Palavra de Deus não permanece confinada no escrito, mas é potência de vida e a sua compreensão continua crescendo com a assistência do Espírito Santo.

Foi o que afirmou o Papa numa Mensagem enviada ao Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica, Cardeal William Joseph Levada, por ocasião da plenária anual do organismo, em andamento no Vaticano com o tema "Inspiração e Verdade da Bíblia".

O Pontífice indica os elementos para uma correta interpretação da mensagem bíblica: "A inspiração como ação de Deus faz de modo que nas palavras humanas se expresse a Palavra de Deus. Consequentemente, o tema da inspiração é decisivo para o adequado contato com as Sagradas Escrituras" – escreve.

"De fato, uma interpretação dos textos sagrados que não considera ou esquece a sua inspiração não releva a sua mais importante e preciosa característica, ou seja, a sua proveniência de Deus."

O tema da inspiração – acrescenta – está também ligado "ao tema da verdade das Escrituras. Por isso, um aprofundamento da dinâmica da inspiração levará indubitavelmente também a uma maior compreensão da verdade contida nos livros sagrados".

Em seguida, o Santo Padre ressalta que "pelo carisma da inspiração os livros da Sagrada Escritura têm uma força de apelo direto e concreto. Mas a Palavra de Deus não permanece confinada no escrito.

De fato, se o ato da Revelação se concluiu com a morte do último Apóstolo, a Palavra revelada continuou sendo anunciada e interpretada pela Tradição viva da Igreja.

Por essa razão – explica Bento XVI –, a Palavra de Deus fixada nos textos sagrados não é um depósito inerte dentro da Igreja, mas se torna regra suprema da sua fé e potência de vida.

Efetivamente, a Tradição – que tem sua origem nos Apóstolos – "progride com a assistência do Espírito Santo e cresce com a reflexão e o estudo dos fiéis, com a experiência pessoal de vida espiritual e a pregação dos bispos".

Bento XVI afirma que é "essencial e fundamental para a vida e a missão da Igreja que os textos sagrados sejam interpretados segundo a sua natureza: a Inspiração e a Verdade são características constitutivas dessa natureza".

"Por isso, o compromisso de vocês terá uma verdadeira utilidade para a vida e a missão da Igreja" e para promover "o conhecimento, o estudo e o acolhimento da Palavra de Deus no mundo" – conclui sua Mensagem à Pontifícia Comissão Bíblica. (RL)